O texto dissertativo-argumentativo é um gênero discursivo muito comum em provas de vestibular, como a Fuvest, e no Enem. Em resumo, trata-se de uma produção em que um autor defende seu ponto de vista por meio de argumentos. No caso específico do Exame Nacional do Ensino Médio, exige-se, também, que se apresentem propostas de solução para os problemas levantados na argumentação.
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Características do texto dissertativo-argumentativo
O texto dissertativo-argumentativo – ou apenas dissertação – é um tipo de texto que discute assuntos socialmente relevantes. No caso específico do Enem, questões que envolvem o Brasil e seus principais problemas costumam aparecer como tema da redação.
Além disso, esse tipo de texto é reconhecido por ter uma estrutura bastante rígida, dividida em três partes fundamentais: introdução, argumentação e conclusão, conforme se explica a seguir.
Estrutura do texto dissertativo-argumentativo
No início da dissertação, é necessário que o autor deixe claro qual é o assunto abordado no texto e, além disso, qual será a tese – ou ponto de vista – a ser defendida.
Os parágrafos intermediários de uma dissertação devem ser destinados à defesa da tese mediante argumentos. É importante lembrar que um argumento é uma estrutura textual que, por meio da análise de provas ou fundamentos, confirma o ponto de vista do autor.
O final de um texto dissertativo-argumentativo pode ser produzido de duas formas, enquanto síntese ou com propostas de solução. No caso da conclusão por síntese, o autor repete os argumentos resumidamente e conclui o texto afirmando a veracidade da tese. No caso da conclusão com propostas de solução, é necessário retomar os problemas discutidos na argumentação e propor intervenções que eliminem ou diminuam a questão problemática.
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Como fazer um texto dissertativo-argumentativo?
Para produzir um bom texto dissertativo-argumentativo, é necessário estar atento para as exigências que cada parte do texto – introdução, desenvolvimento e conclusão – possui, conforme explicado acima. Além disso, é importante lembrar:
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do uso da norma-padrão da língua portuguesa;
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de fundamentar os argumentos a partir de conhecimentos de diversas áreas;
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apresentar domínio dos elementos de coesão e coerência da língua;
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respeitar os direitos humanos, estabelecidos na Declaração Universal redigida pela ONU.
Exemplo de texto dissertativo-argumentativo
Veja, a seguir, um exemplo de texto dissertativo-argumentativo que alcançou nota 1000 no Enem 2018:
A obra musical “Admirável Chip Novo”, da cantora Pitty, retrata a manipulação das ações humanas em razão do uso das tecnologias, que findam por influenciar o comportamento dos indivíduos. Não obstante, tal questão transcende a arte e mostra-se presente na realidade brasileira através da filtragem de dados na internet e sua utilização como ferramenta de determinação de atitudes, consequência direta do interesse do mercado globalizado e da vulnerabilidade dos usuários. Assim, torna-se fundamental a discussão desses aspectos, a fim do pleno funcionamento da sociedade.
Convém ressaltar, a princípio, o estabelecimento do comércio virtual e sua contribuição para a continuidade da problemática. Quanto a esse fator, é válido considerar a alta capacidade publicitária da web, bem como sua consolidação enquanto espaço mercantil – possibilitador de compra e venda de produtos. Sob esse aspecto, o célebre géografo, Milton Santos, afirma a existência de relação entre o desenvolvimento técnico-científico e as demandas da globalização, justificando, assim, a constante oferta de conteúdos culturais e comerciais que podem ser adquiridos pelos usuários, de modo a fortalecer o mercado mundial e o capitalismo.
Paralelo a isso, a imperícia social vinculada ao déficit em letramento digital fomenta a perpetuação do impasse. Nesse viés, as instituições educacionais ainda não são eficazes na educação tecnológica, por não contarem com estrutura profissional e material voltado ao tema. Ademais, a formação de indivíduos vulneráveis possibilita a ação do mecanismo que pode transformar comportamentos, tornando-os passíveis de alienação. Essa conjuntura contraria o Estado proposto pelo filósofo John Locke – assegurador de liberdade -, gerando falsa sensação de autonomia e expondo internautas a um ambiente não transparente, em que decisões são previamente programadas por outrem.
Em suma, faz-se imprescindível a tomada de medidas atenuantes ao entrave abordado. Posto isso, concerne ao Estado, mediante os Ministérios da Educação e Ciência e Tecnologia, a criação de um plano educacional que vise a elucidar a população quanto aos riscos da navegação na rede e à necessidade de adaptação aos novos instrumentos digitais. Tal projeto deve ser instrumentalizado na oferta de aparelhos tecnológicos às escolas, para a promoção de palestras e aulas práticas sobre o uso da tecnologia, mediadas por técnicos e professores da área, objetivando a qualificação dos usuários e a prevenção de casos de manipulação de atitudes. Dessa maneira, o Brasil poderá garantir a liberdade de seus cidadãos e o Estado lockeano poderá ser consolidado.”
Rylla Lídice Varela de Melo, 19 anos, de Ipanguaçu/RN
Fonte
ABAURRE, M. L.; ABAURRE, M. B. Produção de texto: interlocução e gêneros. São Paulo: Editora moderna, 2007.