Manuel Borba Gato foi um bandeirante que participou das expedições que adentraram o sertão brasileiro em busca de metais preciosos e mão de obra escravizada. Ele foi responsável pela morte do administrador-geral de minas Rodrigo de Castelo Branco.
Fugindo para não ser preso, Borba Gato alcançou a região do vale do rio Doce e descobriu minas de ouro. Ele negociou sua liberdade em troca da entrega dessas minas. Além do perdão, Borba Gato conseguiu a nomeação para cargos públicos na administração das minas. Mais de dois séculos depois de sua morte, suas ações geram discussões.
Resumo sobre Borba Gato
Borba Gato nasceu em 1649 e participou das expedições do seu sogro, Fernão Dias Paes, em direção ao interior do Brasil.
A sua participação na morte do fidalgo d. Rodrigo de Castelo Branco o fez fugitivo, morando muitos anos na região do vale do rio Doce, onde descobriu novas minas de ouro.
Ele negociou com a Coroa portuguesa o perdão do seu crime e foi nomeado para a administração da vila de Sabará.
Borba Gato morreu em Sabará, no ano de 1718.
Suas ações como bandeirante são alvos de homenagens e críticas até hoje.
Primeiros anos e juventude de Borba Gato
Manuel de Borba Gato nasceu em 1649, não se sabendo ao certo a data nem o lugar do seu nascimento. Ele era filho de João de Borba Gato e Sebastiana Rodrigues. Em 1670, casou-se com Maria Leite, filha do bandeirante Fernão Dias Paes, com quem teve três filhos: Francisco Tavares, Francisco de Arruda e Francisco Duarte de Meireles.
Participação de Borba Gato nas bandeiras do sogro
As bandeiras foram expedições particulares que saíram de São Paulo em direção ao interior do Brasil em busca de metais preciosos e mão de obra escravizada. Com a crise da produção do açúcar no Nordeste, no final do século XVII, os colonos investiram nas expedições sertanistas para conhecer o interior da colônia e explorar suas riquezas. Além das bandeiras, outras expedições foram organizadas, como as entradas, que eram financiadas pela Coroa portuguesa e saíam do litoral rumo ao interior.
Os bandeirantes foram os responsáveis pela abertura das primeiras estradas que saíam da vila de São Paulo de Piratininga em direção ao interior do Brasil. Eles contaram com o apoio de alguns índios que conheciam a região, o que facilitou o acesso. Vários paulistas investiram nas bandeiras e organizaram expedições que se embrenhavam nas matas até então desconhecidas em busca do tão sonhado ouro e de índios para serem escravizados. Bartolomeu Bueno da Silva, Raposo Tavares, Fernão Dias são alguns nomes dos bandeirantes mais conhecidos.
Borba Gato participou das expedições do seu sogro entre 1674 e 1681. Uma delas foi a busca da serra do Sabarabuçu, que se acreditava ter muitas esmeraldas e prata.
Borba Gato e o assassinato de Castelo Branco
Ao saber da notícia da descoberta de ouro no Brasil, a Coroa portuguesa decidiu administrar a exploração dos metais preciosos. Para isso, nomeou administradores que cumpririam as ordens do rei português no interior do Brasil. Em muitos casos, o cumprimento dessas ordens entrava em choque com os interesses dos exploradores das minas, o que provocava desentendimentos e até mortes.
Um fato marcante na vida de Borba Gato foi o assassinato do administrador-geral das minas, o fidalgo d. Rodrigo de Castelo Branco. Os dois se desentenderam, e Borba Gato preparou uma emboscada contra ele na estrada que seguia para o arraial de Sumidouro, em 28 de agosto de 1682. O fidalgo foi assassinado, e Borba Gato teve que fugir para não ser castigado.
Fuga de Borba Gato para o sertão
Ele ficou escondido por muitos anos na região do vale do rio Doce e do rio Piracicaba, lugares até então desconhecidos. Ao viver escondido, Borba Gato manteve a busca por ouro e descobriu o metal precioso no rio das Velhas. Mesmo foragido, ele manteve contato com seus familiares em São Paulo e negociou um perdão do rei para o crime cometido. No entanto, esse perdão estava condicionado ao anúncio das minas que ele descobriu enquanto esteve foragido.
Liberdade de Borba Gato
Em 15 de outubro de 1698, foi publicada a carta patente que perdoava Borba Gato do seu crime e a sua nomeação para o posto de lugar-tenente. O bandeirante se encontrou com o governador Arthur de Sá Menezes e indicou onde havia minas de ouro em abundância, na região do rio das Velhas. A grande quantidade de ouro encontrada na região apontada por Borba Gato fez com que ele recebesse o perdão pela morte de d. Rodrigo de Castelo Branco. Após esse perdão, ele começou a atuar na administração das minas.
Borba Gato como superintendente das minas de ouro
Borba Gato foi nomeado tenente-general do mato e organizou as arrecadações na vila de Sabará. Além dessa região, o bandeirante explorou as minas das regiões dos rios Grande, das Mortes e Sapucaí. Ele se mostrou eficiente na administração das minas por meio da conservação das estradas e sendo um juiz severo, evitando os contrabandos de metais preciosos. Além disso, Borba Gato procurava ajudar os familiares que perderam algum ente querido.
Morte de Borba Gato
Borba Gato morreu em 1718, quando ocupava o cargo de juiz ordinário da vila de Sabará, em Minas Gerais. Na cidade mineira, existe um monumento que recorda a sua memória e sua passagem por aquela região.
Polêmicas e a estátua de Borba Gato
Os paulistas valorizam as ações dos bandeirantes, e, ao longo do tempo, construíram estátuas e monumentos, e batizaram rodovias e avenidas com nomes dos líderes das bandeiras que adentraram o sertão brasileiro em busca de ouro e metais preciosos. É uma forma de exaltar os feitos históricos daqueles que saíram de São Paulo para desbravar o interior brasileiro e encontraram metais preciosos.
Em Santo Amaro, na região metropolitana de São Paulo, foi construída uma estátua do bandeirante Borba Gato, em 1963, feita pelo escultor Júlio Guerra, para as comemorações do IV centenário de fundação da cidade. Nos últimos anos, a estátua foi alvo de protestos por conta das práticas realizadas pelo bandeirante enquanto estava na região das minas.
No dia 25 de julho de 2021, um grupo de manifestantes incendiou a estátua em um ato que contestava a homenagem a Borba Gato. As reações foram imediatas entre apoio e repúdio, principalmente nas redes sociais. Os que apoiavam argumentavam a violência empreendida pelo bandeirante em suas expedições. Os que criticavam defendiam a tese de que não se pode julgar uma figura histórica baseada em elementos do presente.