Os robôs podem ser a espécie que evolui mais rapidamente no nosso planeta. Se você pesquisar um pouco descobrirá as maravilhas que os robôs estão fazendo. Eles já substituíram os humanos em muitas atividades, membros artificiais estão sendo ligados diretamente no sistema nervoso humano, robôs minúsculos já podem entrar em nossos corpos e detectar doenças. Será que algum dia eles substituirão o cérebro humano?
“Não se assuste se, no futuro, você puder entrar no carro e deixar que ele o leve ao estádio, sozinho”
Luiz Chaimowicz e Mário Campos (*)
Quando falamos de robôs inteligentes, a imagem que logo nos vem a cabeça é a dos robôs R2D2 e C3PO, que ajudaram Luke Skywalker a derrotar o vilão Darth Vader no filme “Guerra nas Estrelas”. No filme, eles tinham a capacidade de enxergar, conversar, andar sozinhos, tomar decisões, ou seja, possuíam uma “inteligência” próxima (ou até superior em certos casos) a do ser humano em geral.
Na verdade, a robótica ainda está muito distante desse cenário de ficção científica. Mas a cada dia que passa os robôs deixam de ser apenas máquinas high-tech que existem em algumas fábricas e indústrias. Sem querer desmerecê-los, esses robôs não passam de máquinas sofisticadas que repetem com extrema habilidade, rapidez e precisão os comandos que são programados pelo homem.
Atualmente, está surgindo uma nova realidade. Os robôs começam a ser usados nas mais diversas atividades que vão desde o desarmamento de bombas e minas terrestres até a inspeção de cabos telefônicos submarinos, passando por consertos em usinas nucleares, exploração espacial, vigilância aérea de florestas, entre outras. Até como guias em certos museus os robôs já garantem importante função.
A palavra-chave para que isso tudo seja possível é autonomia. Robôs autônomos são capazes de exercer tarefas sem a necessidade de uma constante supervisão do homem. Eles são equipados com diversos tipos de sensores tais como câmeras, bússolas, sensores de proximidade e contato, que lhes permitem perceber o que está acontecendo à sua volta e tomarem as decisões certas, sozinhos.
Vamos considerar como exemplo o “Guia Turístico Robótico”. Inicialmente ele tem um caminho pré determinado a seguir, que passa por todas as salas do museu. Caso um turista desavisado entre na sua frente, o robô deve perceber isso e desviar, ou pelo menos parar e pedir licença sem atropelar o pobre turista. Nosso guia também deve ser capaz de saber sua posição dentro do museu para poder fornecer as informações corretamente. Não queremos que ele pare na frente do quadro da Monalisa e comece a falar: “essa múmia foi encontrada no Egito no ano de…”, completamente perdido em relação às alas do Museu.
Prever o futuro é uma tarefa muito difícil… É claro que muito provavelmente não chegaremos ao dia em que o ser humano será dominado e escravizado por uma sociedade de robôs inteligentes. Mas não se assuste se, em algumas décadas, você possa deixar seu aspirador de pó autônomo limpando a sua casa enquanto o seu carro o leva, automaticamente, para assistir ao clássico Atlético x Cruzeiro, pelo campeonato brasileiro de futebol de robôs.
(*)Luiz Chaimowicz é aluno de doutorado em Ciência da Computação da UFMG e Mário Campos é professor adjunto do Departamento de Ciência da Computação da UFMG
ROBÔS HUMANOS…E TRABALHADORES?
Imagine um robô que sabe abraçar e dizer “eu te amo”. É claro que ele não está dizendo isso porque morre de amores por você… mas porque ele está programado para fazer isso.
Mas alguns cientistas estão tentando inventar um robô que funcione de um jeito parecido com o cérebro humano (lembra da notícia do robô “macacótico”?). Se ele conseguirem, talvez os robôs virem máquinas inteligentes e afetuosas como os seres humanos.
Até lá, eles inventam robôs que dançam e jogam futebol, por exemplo. Como o SDR-X, que tem meio metro de altura e foi inventado no Japão pela Sony. Ele foi criado para divertir as pessoas, mas a Sony, que tem até um Laboratório de Criaturas Digitais, tem idéias de criar robôs prendados, que lavem a louça, passem a roupa, varram a casa… As faxineiras é que não vão ficar muito contentes!
Os últimos dados do referido censo são de 1992 e limitados aos robôs industriais. Naquele ano, havia cerca de 600 mil robôs em todo o mundo. O crescimento entre 1990/91 baixou para 16% e, em 1991/92, para 8%, como reflexo da recessão que atingiu os países mais avançados. Estima-se, porém, que essa taxa tenha voltado a crescer à base de uns 20% ao ano na reativação da economia, à partir de 1993. Assim sendo, o estoque de robôs em 1994 deve estar perto de 900 mil unidades e ultrapassará a casa dos 2 milhões bem antes do final do século.
Esses “bichinhos” resolvem uma série de problemas e criam outros. Lembremos das proezas dos robôs das cápsulas espaciais que se encarregam de colocar e trazer de volta os tripulantes da nave. Que beleza de espetáculo!
Fiquei sabendo que uma usina siderúrgica brasileira tem um robô instalado no meio das altíssimas temperaturas do seu alto-forno, a fim de reparar uma rachadura. O conserto deverá estar pronto dentro de alguns meses – tarefa impossível para qualquer ser humano.
A maioria dos robôs industriais ainda é usada em atividades perigosas, insalubres e penosas como solda; montagem contínua; pintura em recinto fechado; carga descarga e outros. Para os seres humanos é bem melhor pilotar robôs do que viver no calor de uma secção de soldagem ou na poluição de um setor de pintura.
Ocorre que, na indústria, um só robô está substituindo, em média, três trabalhadores por turno o que significa nove posições de trabalho no período de 24 horas. Em países onde há escassez de mão de obra como, por exemplo, o Japão, justifica-se a existência de 312 robôs por 10 mil trabalhadores. Mas, num país como o Brasil, a robotização – embora não possa e não deva ser evitada – terá de ser bem pensada. Fui informado que um banco em São Paulo está usando robôs para transportar fitas magnéticas das prateleiras para os computadores (5 metros de distância) e vice-versa. Será que essa atividade e tão perigosa, insalubre e penosa para um ser humano executá-la?
é bem provável que essa decisão tenha se baseado em critérios de custo e eficiência. Os robôs estão se tornando mais baratos do que os seres humanos. Além do mais, eles não faltam ao serviço; não vão ao banheiro; não tiram férias; e não fazem greve…
é irônico verificar que os seres humanos criaram os robôs para facilitar sua vida e, agora, os enfrentam como concorrentes no escasso mercado de empregos dos dias atuais.
Mas, como é praticamente impossível inverter essa tendência, só nos resta preparar cada vez melhor a nossa juventude e flexibilizar o modo de contratar as pessoas, abrindo um espaço para trabalhadores e empresários fazerem os arranjos que melhor se ajustem às suas necessidades. No Brasil, isso tudo se resume na urgente necessidade de melhorarmos os processos de educação e formação profissional assim como, simplificarmos a nossa legislação trabalhista e previdenciária, ajustando-as a uma economia que, daqui para frente, ficará cada vez mais aberta e mais competitiva.
MAIS UM ROBÔ
Os japoneses estão entrando de cabeça no ramo de robores. A Honda apresentou, recentemente, o seu último robô humanóide, o ASIMO (Advanced Step in Innovative Mobility). O protótipo tem cerca de 1,20 metro de altura pesa 43 quilos. ASIMO move-se como um ser humano podendo mudar de direção enquanto caminha. Não é mais aquela máquina que tem que parar para mudar de rumo.
ASIMO é o terceiro protótipo desde que a Honda iniciou as suas pesquisas em 1983.
ROBÔS INVADEM ESPORTES E ESCOLAS
Tecnologia inspira kits como o Lego Mindstorms e até campeonatos de futebol
A robótica está deixando as experiências de laboratório para ganhar as escolas, as quadras de competições esportivas e até os brinquedos. Essa tecnologia foi tema de dois importantes eventos realizados em São Paulo: a Oficina de Automação e Robótica, promovida pelo Centro Universitário Nove de Julho (Uninove), na capital, e a Copa Mundial de Futebol de Robôs.
A principal atração da Oficina de Automação e Robótica da Uninove foi o cientista e pesquisador Fred Martin, do Laboratório de Mídia (Media Lab) do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos. Martin foi um dos responsáveis pelo desenvolvimento do tijolo programável MIT, que serviu de inspiração para o Lego RCX – interface (também em forma de tijolo e programável) que é a base do Lego Mindstorms, novo brinquedo educativo da Lego.
Futebol – Já a Copa Mundial de Futebol de Robôs, que pela primeira vez teve o Brasil como sede, serviu para mostrar os avanços da tecnologia na área. “O futebol é só um pretexto para incentivar o desenvolvimento tecnológico”, afirma Jong-Hwan Kim, pesquisador do Instituto Avançado de Ciência e Tecnologia da Coréia e idealizador dessa modalidade de esporte. “A tecnologia utilizada nos robôs poderá, no futuro, ser empregada em microcirurgias para desobstrução de artérias e na desativação de minas terrestres”, acrescenta. Segundo Kim, os robôs podem, ainda, executar tarefas que o homem não consegue – como a localização de vítimas soterradas em desabamentos.
No caso do futebol, o segredo do bom desempenho dos robôs está no software – que analisa a situação, a partir de imagens fornecidas por uma câmera instalada no campo, e decide o melhor rumo a seguir.
Um cão de R$ 3.500,00
Publicado em O Jornal da Tarde, 30/06/1999
Você compraria um cão por R$ 3.500,00? Pois saiba que o robô-cachorro lançado pela Sony por US$ 2 mil já criou uma fila de mais de mil pretendentes que não vêem a hora de adquirir o novo bichinho de estimação.
… 😉
A palavra robô vem do tcheco, robota, que significa trabalho forçado. É uma dessas palavras criadas a partir da ficção científica, que acabem “pegando” (no caso, uma peça de teatro de autoria de Karel Çapek, de 1921, na qual os empregados robóticos — “homens mecânicos” — de uma fábrica se rebelam contra seus donos, e os massacram, assumindo o comando).
O fato é que ainda estamos muito longe, tecnologicamente, de ter um robô com capacidade, inteligência e autonomia suficientes para substituir o ser humano na maioria das tarefas. Os robôs que existem (e em grande quantidade) são os modelos industriais. Entretanto, não são propriamente inteligentes. A única coisa que eles fazem é reproduzir seqüências de movimentos altamente complexos, como agarrar, deslocar, soltar, apontar, tocar, puxar, etc., imitando um membro superior humano, com todos seus “graus de liberdade” (quantas articulações ele tem, e em quantas direções cada uma delas pode se mover).
Numa linha de produção de automóveis, por exemplo, ou de placas de circuitos impressos, onde ocorrem processos repetidos e exatos, eles funcionam bem… até que alguma coisa saia da seqüência ou da posição programada (uma placa cair ao chão, por exemplo, ou um componente ser acidentalmente menor). Aí acontece o desastre, pois os robôs industriais, com raras exceções, não são inteligentes, ou seja, eles não tem visão, tato ou audição, para “sentir” o objeto ou problema, nem algoritmos adaptativos (que se ajustam automaticamente à situações inteiramente novas).
RECURSOS HUMANOS
A era do Trabalho
A internet cria empregos, amplia alternativas sem discriminar faixas etárias e empoe mudanças na formação profissional.
O paulista Luiz Fernando Pinto resolveu, no último verão, procurar emprego. Aos 22 anos, recém-formado em relações internacionais pela pontifícia Universidade de São Paulo, registrava no currículo apenas o breve estágio numa empresa de importação.
Dois meses depois, em abril, entrou em casa aos gritos: “mãe, vou ser surfista!” berrou para Maria Amélia. Não era brincadeira. Acabara de ser contratado pela filial paulistana do yahoo!, portal americano de pesquisa eletrônica. Trocou a prancha e a diversão sobre ondas na praia, por jornadas de oito horas diante de uma tela de computador, consumidas em análises de conteúdo de páginas na internet.
Tornou-se um surfista digital.
Luiz Fernando conquistou uma das 100 mil vagas que, até o final deste ano terão ampliado o mercado de trabalho por conta de negócios impulsionados pela rede mundial de computadores. A estimativa, é da Associação de Mídia Interativa, representantes de 80 empresas fornecedoras de acesso à internet.
Nos 12 meses regentes, o setor deverá produzir outras 130 mil oportunidades de trabalho, número equivalente a 10% do total de operários metalúrgicos.
A função de pesquisador de páginas eletrônicas é tão nova quanto a rede. Faz parte da media de profissões nas cidades na esteira da revolução tecnológica. Já somam 10 milhões os computadores pessoais instalados no país, um para dezessete habitantes, conforme o ministério da ciência e tecnologia.
Assentada sobre uma infra-estrutura de telecomunicações cujo tamanho dobrou nos últimos 30 meses, a internet deflagrou uma serie de mudanças no perfil do mercado de trabalho.
É crescente a necessidade de mão-de-obra especializada. As empresas dão preferência á formação multidisciplinar, fora de padrões tradicionais. O conhecimento de inglês, é tão relevante quanto saber português. O diploma de curso superior nem sempre figura entre os pré-requisitos. Nas empresas, há dificuldade, até para rotular funções ressentes como a de webdesigner, responsável pelo visual (design) das páginas na rede (web). Costuma valer mais a experiência com sofisticados programas de computação que um curso superior de desenho. Em contrapartida, um desenhista industrial deve ter especialização no uso de computadores.
A expansão da oferta de empregos em atividades dependentes da rede vai ganhando espaço nas estatísticas do ministério do trabalho. O número de vagar na área de informática aumentou 4% em abril, três vezes acima do crescimento médio de emprego no conjunto do setor industrial. Foram cerca de 1500 contratações no mês (5 mil a contar de janeiro). Há 156 mil assalariados com carteira assinadas por empresas de informática e afins. “Poderão ser mais de 250 mil já em 2001”, prevê Antônio Rosa Neto, presidente da Associação de Mídia Interativa. Confirmada a estimativa, o exército de profissionais do mercado digital terá tamanho equivalente a 60% da categoria dos bancários.
DE CARONA NA REDE
Transportadoras multiplicam lucros e ofertas de empregos. Os brasileiros estão transformando o computador em sacola de compras. Em 200, terão gastos 165% a mais que o ano passado em transações comerciais pela internet.
Fonte: Revista Época, 31 de julho, de 2000