O samba é um gênero musical que surgiu no Rio de Janeiro, no começo do século XX. Tem origem nos batuques e rodas de samba realizados pelos afro-brasileiros em seus momentos de encontro e lazer. O samba popularizou-se na década de 1930, com o rádio e as escolas de samba, e tornou-se um dos ritmos mais tradicionais da cultura brasileira.
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O que é o samba?
O samba é um gênero musical típico de nosso país, e sua forma moderna consolidou-se nas comunidades afro-brasileiras instaladas no Rio de Janeiro, no começo do século XX. Surgido como uma dança de roda marcada pelo batuque, o samba transformou-se em um gênero de canção popular, sendo um dos mais populares do Brasil e um dos seus símbolos no exterior.
A difusão do samba pelo país foi, em grande parte, resultado da popularização das escolas de samba na década de 1930 e também da reprodução das canções desse gênero musical pelo rádio. Com o passar do tempo, a evolução do samba levou ao surgimento de subgêneros, como samba-enredo, pagode, bossa nova, entre outros.
Um elemento fundamental do samba são os instrumentos de percussão, e, quando surgiu, atabaques e tambores, por exemplo, eram muito utilizados. No samba urbano carioca, atualmente uma das modalidades mais populares do samba, os instrumentos mais utilizados são o pandeiro, o surdo, o tamborim, a cuíca, o ganzá, o cavaquinho, o violão, o agogô, o reco-reco, entre outros.
Reconhece-se o samba como um dos estilos mais importantes da cultura e da identidade do brasileiro, e esse reconhecimento manifesta-se pelo fato de que o samba urbano carioca, assim como seus subgêneros, é considerado patrimônio cultural imaterial do Brasil, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
Atualmente existe uma data comemorativa em homenagem a esse importante gênero musical de nossa cultura. O Dia Nacional do Samba é comemorado no dia 2 de dezembro. A data foi criada por iniciativa de um vereador baiano, chamado Luis Monteiro da Costa, em homenagem ao sambista Ary Barroso.
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Origem do samba
Os historiadores dizem que o samba urbano carioca, a forma mais conhecida de gênero musical, tem relação mais direta com o samba de roda, estilo musical tocado em rodas de dança e rodas de capoeira. Esse estilo surgiu na região do Recôncavo Baiano, na segunda metade do século XIX. O termo samba, nesse contexto, tinha o sentido de “festa”.
As transformações que aconteceram no Brasil no final desse século, incluindo a abolição da escravidão, fizeram com que muitos negros libertos se mudassem para a capital do Brasil, a cidade do Rio de Janeiro. Mudar-se para a capital era uma forma de construir-se uma nova vida, uma vez que, nos seus locais de origem, os ex-escravizados tinham pouco a ganhar.
No Rio de Janeiro, os negros reuniram-se em bairros como Saúde, Estácio e Gamboa. Esses encontros davam-se nos terreiros — locais de práticas religiosas e encontros comunitários, além de lazer e diversão.
Os terreiros eram propriedades das “tias baianas”, mulheres que difundiram práticas do candomblé no Rio de Janeiro e usavam suas propriedades para que os sambas pudessem acontecer. Isso porque, até a década de 1920, as festividades afro-brasileiras eram proibidas, pois eram consideradas “imorais” pelos costumes da época — um indício claro de racismo sobre a cultura afro-brasileira.
Além disso, as celebrações realizadas por essas “tias” eram uma forma de integrar a comunidade e receber aqueles que haviam chegado ao Rio de Janeiro recentemente. Os sambas da época costumavam fazer pequenos jogos de palavras e contavam causos comuns da época assim como denunciavam as condições de vida dos negros no Rio de Janeiro.
O historiador Marcos Alvito menciona o samba “Batuque na cozinha”, canção que aponta as “péssimas condições de habitação, concorrência desleal dos brancos em todas as esferas (inclusive a sexual), preconceito e arbitrariedade por parte da polícia”|1|. Esse tipo de samba então nascia no terreiros das tias baianas, das quais se destacaram Amélia e Ciata.
O sucesso do “Pelo telefone” marcou oficialmente a transição do samba de ritmo ligado exclusivamente às rodas de dança para gênero musical. Era o nascimento do samba urbano carioca. O estilo espalhou-se por todo o Rio de Janeiro, e, na década de 1920, o samba já tinha compositores reconhecidos, como Sinhô, chamado na época de “rei do samba”.
Na década de 1920, surgiram as escolas de samba, e essas agremiações começaram a incorporar o samba e adicioná-lo a práticas comuns do Carnaval carioca. Essa junção de samba e Carnaval resultou na criação do samba-enredo, um estilo de samba criado para puxar os desfiles carnavalescos e passar uma determinada mensagem.
Foi durante a Era Vargas que o samba passou de um gênero musical perseguido para um dos estilos musicais mais populares de nosso país. A popularização do samba no cenário cultural carioca fez com que o gênero ganhasse espaço na indústria fonográfica brasileira. Assim, o samba ganhou espaço e divulgação nas rádios.
A ascensão do samba está relacionada com a transformação do Carnaval como a principal festa popular do Brasil e com o papel do rádio como principal meio de comunicação. O samba acabou sendo utilizado por Getúlio Vargas no seu projeto de construção da identidade e nacionalidade do brasileiro na década de 1930.
Assim, o samba tornou-se um dos símbolos da “brasilidade”, e, como aponta a historiadora Lilia Schwarcz, “o samba passou da repressão à exaltação” e a ser enxergado como um traço da cultura brasileira merecedor da exportação|3|. Esse processo, segundo a historiadora, tinha relação com a construção da identidade brasileira, como mencionado, mas passava também por um processo de “desafricanização” dessa expressão cultural|4|. Dessa forma, a exaltação do samba na década de 1930 foi uma tentativa de “embranquecer” esse gênero musical.
O espaço conquistado no rádio pelo samba fez com que músicos profissionais desse estilo se consolidassem na época. Assim, nomes como Noel Rosa, Ataulfo Alves, Dorival Caymmi, entre outros, tornaram-se importantes. Noel Rosa, por exemplo, compôs cerca de 300 canções entre 1930 e 1937|5|.
As historiadoras Lilia Schwarcz e Heloísa Starling ainda abordam a importância de Noel Rosa para o samba no Brasil. Segundo elas:
Noel consumou o processo de modelagem da forma da canção que hoje conhecemos: linguagem própria fundada nas entoações e expressões da fala cotidiana, relação entre melodia e letra, inventividade poética e tratamento musical flexível — ora acelerando na direção da marchinha, ora valorizando o percurso melódico […]|5|.
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Grandes nomes do samba
Da década de 1930 em diante, o samba tornou-se um dos gêneros musicais mais populares no Brasil e mais conhecidos no exterior. O ritmo modernizou-se, e novos subgêneros surgiram ao longo do tempo, o que trouxe uma variedade de ritmos considerável para o samba. Muitos sambistas consolidaram-se de lá pra cá, e podemos mencionar alguns nomes:
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Noel Rosa
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Cartola
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Beth Carvalho
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Bezerra da Silva
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Carmen Miranda
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Martinho da Vila
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Alcione
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Nelson Cavaquinho
Notas
|1| ALVITO, Marcos. Professor samba. In: Revista de história da Biblioteca Nacional. Ano 9. nº 97. Outubro, 2013. p 82.
|2| Idem, p. 80.
|3| SCHWARCZ, Lilia Moritz. Nem preto nem branco, muito pelo contrário: cor e raça na sociabilidade brasileira. São Paulo: Claro Enigma, 2012. p. 59.
|4| Idem, p. 58.
|5| SCHWARCZ, Lilia Moritz e STARLING, Heloísa Murgel. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015. p. 376.
Perguntas frequentes
O que é samba?
- O samba é um gênero musical que surgiu no Rio de Janeiro, no começo do século XX.
Qual a origem do samba?
- Sua forma moderna consolidou-se nas comunidades afro-brasileiras instaladas no Rio de Janeiro, no começo do século XX.
Qual é o Dia do Samba?
- O Dia Nacional do Samba é comemorado no dia 2 de dezembro.