O que é textualidade?
A textualidade é o conjunto de características responsáveis por demarcar a produção de linguagem como texto, ou seja, é o que permite que algo seja percebido como um texto. Se o texto não é apenas uma justaposição de frases, é porque ele possui essas características que, em conjunto, permitem a unidade de sentido textual.
Todo texto é um ato comunicativo, visto que ele só é produzido em função de uma motivação inicial, um desejo de dizer ou expressar algo. Para que o texto funcione adequadamente, ele precisa apresentar essas características, permitindo assim que o ato comunicativo se estabeleça com eficácia.
Fatores de textualidade
Os fatores de textualidade são responsáveis por influenciar a produção e a interpretação dos textos. Eles se dividem em duas categorias:
Cada um deles parte de perspectivas diferentes, porém complementares.
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A princípio, no início dos estudos do texto, as pesquisas focavam somente nos aspectos inerentes à língua. Com o desenvolvimento da linguística, compreendeu-se que a compreensão de um texto não se explicava somente por seus aspectos estruturais, mas também contextuais, assim, consolidaram-se dois fatores de textualidade.
- Fatores semânticos: são aqueles que privilegiam o estudo da estrutura textual, a língua, ou seja, a sua concentração está no próprio texto. Dentro dessa categoria, apresentam-se dois elementos da textualidade: coerência e coesão. A primeira foca nos sentidos construídos e na não contradição entre as ideias, e a segunda, nas amarrações do texto, nas relações estabelecidas entre as partes, para unificar o sentido.
- Fatores pragmáticos: referem-se aos aspectos extratextuais, ou seja, a elementos que estão fora da língua, mas que, no entanto, influenciam tanto a produção quanto a recepção ou compreensão do texto. Esses fatores continuam a ser estudados e novos elementos são descobertos, de modo que novas categorias, nem sempre tão conhecidas, surgem no estudo da textualidade. As principais e mais reconhecidas são cinco:
– intencionalidade;
– aceitabilidade;
– informatividade;
– situcionalidade;
– intertextualidade.
Elementos da textualidade
Os elementos da textualidade são um conjunto de aspectos que constroem os textos e influenciam seu sentido, tanto no que se refere à produção quanto à compreensão. Existe um número de elementos já aceitos e reconhecidos nos estudos do texto, entretanto é importante ressaltar que pesquisas continuam sendo feitas, propondo a inserção de novos elementos.
Como dito, os elementos provêm dos fatores da textualidade, que se dividem entre semânticos e pragmáticos. Assim, cada elemento prioriza uma ou outra perspectiva, mas com um objetivo final comum: a garantia da textualidade.
No que se refere aos elementos de fator semântico, destacam-se:
- coerência: elemento responsável por garantir a fluência, clareza e não contradição das ideias, foca-se no texto em seu aspecto semântico;
- coesão: elemento responsável por garantir a amarração entre as ideias do texto, evidenciando as relações estabelecidas e servindo para associar, retomar e conectar as partes do texto.
No que tange aos elementos de fator pragmático, apresenta-se um número maior de elementos, alguns considerados os principais, por serem mais reconhecidos e consagrados, e outros que são novas propostas para ampliar os estudos. Abaixo segue uma lista com os cinco primeiros elementos de fator pragmático.
- Intencionalidade: refere-se ao modo ou à forma como o autor constrói o texto para alcançar determinada intenção. Nesse sentido, cabem principalmente os textos publicitários, nos quais a linguagem e o texto se moldam para convencer o consumidor.
- Aceitabilidade: refere-se à recepção do texto, à compreensão do interlocutor sobre a mensagem.
- Situcionalidade: refere-se ao contexto no qual o texto está inserido, seja na produção, seja na leitura. Esse elemento interfere no uso da língua, na escolha e polidez das palavras, no tom de voz, etc. Graças às situações de uso, um texto pode ter sentido em um contexto e não o ter em outro.
- Informatividade: refere-se aos dados que o texto apresenta, se são informações novas ou conhecidas. Para que o texto tenha fluência, é importante que ele balanceie os dois tipos de informação. Se o texto só apresentar informações conhecidas, pode ser redundante; se apresentar só informações novas, pode ser incompreensível.
- Intertextualidade: refere-se às relações discursivas entre diferentes textos. Mesmo que não haja uma intertextualidade explícita no texto, ele precisa considerar informações prévias à sua produção, desse modo, todo texto carrega outros textos em sua composição.
Além desses, novos elementos têm sido acrescentados ao estudo da textualidade.
- Contextualizadores: referem-se a informações contextuais que são necessárias à compreensão dos textos, como data e local.
- Consistência: refere-se ao desenvolvimento das ideias, exigindo do texto uma construção mais sólida e menos contraditória.
- Focalização: refere-se à concentração do texto em uma parte do conhecimento ou não, desse modo, entende que a compreensão do texto passa também pelas áreas do conhecimento às quais ele recorre.
Diferença entre texto e textualidade
Apesar de texto e textualidade estarem no mesmo círculo de estudos e estarem relacionados, o conceito e aplicação de cada um são diferentes. O conceito de textualidade, como analisado acima, refere-se às características presentes em uma produção textual e que são responsáveis por caracterizá-la como texto.
O texto, diferentemente, é o produto final, ou seja, a própria produção textual, construída com base nos elementos da textualidade. O texto é uma unidade de sentido, um ato comunicativo realizado por meio de uma produção de linguagem, que pode ser somente verbal ou pode ter a utilização de outras linguagens.
Diferença entre textualidade e discursividade
As noções de textualidade e discursividade podem se confundir, afinal ambas compreendem o texto como um produto também contextual. Em outras palavras, os dois conceitos abarcam os elementos extralinguísticos que influenciam a produção textual.
Entretanto, apesar desse traço em comum, os estudos da discursividade centram-se na língua como um ato social, uma ação concreta no mundo, uma “língua viva”. Essa noção extrapola o estudo da estrutura textual, pertinente à textualidade.
A discursividade centra-se na análise dos valores sociais, identitários, políticos e culturais que são construídos, combatidos, reconstruídos ou criados a partir da linguagem. Desse modo, todo discurso possui valor social, que independe de sua forma cumprir ou não determinados padrões estabelecidos culturalmente.