Pepetela: biografia, estilo literário, obras

Pepetela (Artur Carlos Maurício Pestana dos Santos) é um escritor angolano nascido em 29 de outubro de 1941. Fez parte do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) durante os anos de 1969 a 1974, quando participou da luta armada em prol da independência de seu país, ocorrida em 1975. Formado em sociologia, além de escritor, é também professor. É o primeiro angolano a ganhar o Prêmio Camões.

As obras do autor fazem parte da literatura contemporânea angolana e são caracterizadas por:

Tudo isso pode ser observado em seu romance mais conhecido — Mayombe , que narra as aventuras de guerrilheiros do MPLA durante a luta pela independência de Angola.

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Biografia de Pepetela

Pepetela (Artur Carlos Maurício Pestana dos Santos) nasceu em 29 de outubro de 1941, em Benguela, cidade angolana. Com 15 anos de idade, foi para a cidade de Lubango, onde iniciou seu engajamento político.

O escritor não aceitou a obrigação de alistar-se no exército português e, por isso, exilou-se em Paris, na França, onde viveu por seis meses. Depois, foi para a Argélia e, ali, formou-se em sociologia.

Também fez parte do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), além de ter sido um dos fundadores do Centro de Estudos Angolanos. Assim, de 1969 a 1974, tomou parte na luta armada. Como guerrilheiro, era chamado de Pepetela (“pestana”, em umbundo, uma língua bantu), nome de guerra que se transformou em seu pseudônimo literário.

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Prêmios de Pepetela

  • Prêmio Nacional de Literatura (1980 e 1985) — Angola.

  • Prêmio Especial dos Críticos de São Paulo (1993) — Brasil.


  • Prinz Claus (1999) — Holanda.

  • Prêmio Nacional de Cultura (2002) — Angola.

  • Escritor Galego Universal (2007) — Espanha.

  • Rosalía de Castro (2014) — Espanha.

  • Fonlon-Nichols (2015) — Associação de Literatura Africana (ALA).


Estilo literário de Pepetela

Pepetela é um autor da literatura contemporânea angolana, e suas obras apresentam as seguintes características:

Obras de Pepetela

Capa do livro “Mayombe”, de Pepetela, publicado pela editora Dom Quixote, do grupo editorial Leya.[2]

  • As aventuras de Ngunga (1973) — romance

  • Muana Puó (1978) — romance

  • A corda (1978) — teatro

  • A revolta da casa dos ídolos (1979) — teatro

  • Mayombe (1980) — romance

  • O cão e os caluandas (1985) — romance

  • Yaka (1985) — romance

  • Lueji, o nascimento de um império (1989) — romance

  • A geração da utopia (1992) — romance

  • O desejo de Kianda (1995) — romance

  • Parábola do cágado velho (1996) — romance

  • A gloriosa família (1997) — romance

  • A montanha da água lilás (2000) — romance

  • Jaime Bunda, agente secreto (2001) — romance

  • Jaime Bunda e a morte do americano (2003) — romance

  • Predadores (2005) — romance

  • O terrorista de Berkeley, Califórnia (2007) — romance

  • O quase fim do mundo (2008) — romance

  • Contos de morte (2008) — contos

  • O planalto e a estepe (2009) — romance

  • Crônicas com fundo de guerra (2011) — crônicas

  • A sul. O sombreiro (2011) — romance

  • O tímido e as mulheres (2013) — romance

  • Crônicas maldispostas (2015) — crônicas

  • Se o passado não tivesse asas (2016) — romance

  • Sua Excelência de corpo presente (2018) — romance

Mayombe

Mayombe é o romance mais famoso de Pepetela e conta a história de Sem Medo, comandante de um grupo de guerrilheiros do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA). Dessa maneira, o livro configura-se em uma ficção histórica, pois mescla elementos ficcionais com fatos históricos. O herói luta pela independência de Angola, colônia portuguesa, e seu grupo combate a extração de madeira da floresta do Mayombe, realizada por trabalhadores angolanos a serviço dos colonizadores:

“— Vocês ganham vinte escudos por dia, para abaterem as árvores a machado, marcharem, marcharem, carregarem pesos. […]. E quanto ganha o patrão por cada árvore? Um dinheirão. O que é que o patrão faz para ganhar esse dinheiro? Nada, nada. Mas é ele que ganha. […]. As árvores são do patrão? Não. São vossas, são nossas, porque estão na terra angolana. […]. O suor do trabalho é do patrão? Não, é vosso, pois são vocês que trabalham. […]. Isso é exploração colonialista. O que trabalha está a arranjar riqueza para o estrangeiro, que não trabalha. O patrão tem a força do lado dele, tem o exército, a polícia, a administração. É com essa força que ele vos obriga a trabalhar, para ele enriquecer.”

O grupo tenta conscientizar os angolanos sobre os males da dominação colonialista; porém, nem todos os trabalhadores veem o MPLA com bons olhos. Além disso, os guerrilheiros precisam lidar com as diferenças étnicas, que impedem a união do povo angolano, e a escassez de comida.

Contudo, paralelamente à luta armada, há uma história de amor entre os personagens Comissário e Ondina, que acaba se envolvendo também com André, formando, assim, um triângulo amoroso:

“André era kikongo e Ondina noiva dum kimbundo. Não é preciso ser feiticeiro para adivinhar o clima que reinará em Dolisie, pensou Sem Medo. O André enterrou-se definitivamente. Enquanto tinha amantes congolesas, as pessoas murmuravam, mas não ousavam agir. Agora era diferente. O dramático é que o inevitável sucedesse para André à custa do Comissário, isso era injusto. Vamos lá nós saber o que é justo ou injusto, quando há mulheres no meio!”

Sem Medo também se apaixona por Ondina. No entanto, no combate entre os guerrilheiros e os “tugas” (portugueses), ele é gravemente ferido:

“[…]. O pl


ano de Sem Medo era o de passar ao assalto do talude, à granada, para lançar a confusão no inimigo e salvar o Comissário.


Estava a dez metros do talude, quando a rajada da Breda o apanhou em pleno ventre, lá onde lhe nascia o formigueiro. Caiu de joelhos, apertando o ventre. Teoria abaixou-se para ele.


— Ao ataque! — gritou ainda Sem Medo, ajoelhado, apertando o ventre.

Créditos das imagens

[2] Editora Leya (reprodução)

 

Warley Souza

Professor de Literatura

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