Paulina Chiziane: biografia, obras, características

Paulina Chiziane nasceu em 04 de junho de 1955, em Manjacaze, uma vila moçambicana. Na juventude, atuou na Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), durante a Guerra de Independência, e só publicou seu primeiro romance — Balada de amor ao vento — em 1990.

Seu livro mais famoso é Niketche: uma história de poligamia. Essa narrativa apresenta as principais características literárias das obras da autora, como a prevalência da voz feminina. Além disso, é possível perceber que a escritora usa seus romances para fazer crítica de costumes e destacar a diversidade cultural de seu povo.

Leia mais: Conceição Evaristo – escritora que coloca em pauta a ancestralidade da negritude brasileira

Tópicos deste artigo

Resumo sobre Paulina Chiziane

  • A escritora moçambicana nasceu em 1955.

  • Atuou politicamente durante a luta pela independência e na guerra civil.

  • Após a pacificação, participou do Núcleo das Associações Femininas da Zambézia.

  • Suas obras literárias são caracterizadas pelo protagonismo feminino.

  • Seu livro mais famoso é Niketche: uma história de poligamia.

Não pare agora… Tem mais depois da publicidade 😉

Biografia de Paulina Chiziane

Paulina Chiziane nasceu em 04 de junho de 1955, em Manjacaze, vila rural moçambicana, mas, com seis anos de idade, mudou-se para Maputo. Seus pais eram protestantes, portanto, o cristianismo esteve fortemente presente em sua formação. Além disso, cresceu em um país dominado pelos portugueses.

A independência de Moçambique só ocorreria em 1975, depois de anos de luta armada entre guerrilheiros moçambicanos e soldados portugueses. Isso explica o anticolonialismo do pai da autora, que ensinou sua filha a se comunicar por meio do chope, um idioma ligado ao grupo étnico ao qual pertencia a sua família.

Além disso, Chiziane aprendeu a língua ronga, em Maputo, onde iniciou seus estudos em uma escola católica, e acabou aprendendo também o idioma português. Já sua juventude foi marcada pela atuação na Frelimo, a Frente de Libertação de Moçambique, responsável pela luta em prol da independência do país.

Após a independência, teve início uma guerra civil. Paulina Chiziane, então, tornou-se voluntária na Cruz Vermelha durante o conflito, e sua atuação política não cessou após o fim da guerra, em 1992. A autora passou a fazer parte do Núcleo das Associações Femininas da Zambézia (Nafeza), organização não governamental criada em 1997, na cidade de Quelimane.

Características da obra de Paulina Chiziane

As obras de Paulina Chiziane fazem parte da literatura moçambicana pós-independência e possuem as seguintes características:

  • Protagonismo da mulher negra

  • Realismo social e crítica de costumes

  • Reflexão sobre a condição feminina

  • Fluxo de consciência ou monólogo interior

  • Linguagem lírica

  • Pluralidade cultural

Obras de Paulina Chiziane

  • Balada de amor ao vento (1990)

  • Ventos do apocalipse (1993)

  • O sétimo juramento (2000)

  • Niketche: uma história de poligamia (2002)

  • O alegre canto da perdiz (2008)

  • As andorinhas (2009)

  • Eu, mulher: por uma nova visão do mundo (2013)

  • Ngoma Yethu: o curandeiro e o Novo Testamento (2015)

  • O canto dos escravizados (2017)

Niketche: uma história de poligamia

Capa do livro “Niketche: uma história de poligamia”, de Paulina Chiziane, publicado pela editora Companhia das Letras.[2]

A personagem principal e narradora do romance é Rami. Ela é casada com Tony, mas o marido também tem relacionamentos com outras mulheres. Então, Rami decide conhecer cada uma delas. Começa por Julieta, com quem acaba se desentendendo e partindo para a briga, porém elas ficam amigas em seguida.

Ao conhecer Luísa, a terceira esposa de Tony, Rami novamente se envolve em uma briga. Dessa vez, as duas são presas. No entanto, Rami também se torna amiga de Luísa. A partir daí, conhece Saly, a quarta mulher, e Mauá, a quinta. Decide aceitar a poligamia do marido. Além disso, torna-se a segunda amante de Vito, que tem um caso com Luísa.

A protagonista e as outras esposas decidem se unir. A princípio, Tony não gosta nada dessa amizade, mas as mulheres resolvem fazer uma “escala conjugal”. Assim, o marido pode ficar uma semana com cada uma delas. Quando Tony é, supostamente, atropelado e morre, Rami tem um relacionamento sexual com Levy, o irmão do marido.

O relacionamento com o cunhado, após a morte do esposo, é parte da tradição no país. No entanto, o suposto cadáver de Tony estava desfigurado, e logo fica evidente que o marido de Rami está vivo. Assim, ao voltar para casa, ele descobre que seu irmão é mais um integrante daquela “dança do amor” (niketche).

Créditos das imagens

[2] Companhia das Letras (reprodução)

 

Postar um comentário

Postagem Anterior Próxima Postagem