Narcotráfico: o que é, como funciona, no Brasil

O narcotráfico é uma atividade criminosa global que movimenta cerca de 400 bilhões de dólares anualmente, segundo estimativas da ONU. Caracteriza-se pelo cultivo, fabricação, distribuição e venda de substâncias entorpecentes ilegais, como cocaína, maconha e heroína. Está intrinsecamente ligado a práticas de violência, corrupção, lavagem de dinheiro e degradação ambiental, como é evidenciado pelo desmatamento e contaminação de ecossistemas na Amazônia devido ao cultivo da coca.

Os objetivos do narcotráfico são primordialmente o lucro financeiro e a expansão do poder das organizações criminosas. Também busca controlar rotas de tráfico e mercados de drogas para aumentar seu poder territorial e político. No Brasil, o narcotráfico é uma questão complexa, que envolve organizações como o PCC e o Comando Vermelho controlando rotas de tráfico e distribuição de drogas.

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Tópicos deste artigo

Resumo sobre narcotráfico

  • O narcotráfico é uma atividade criminosa que envolve o cultivo, fabricação, distribuição e venda de substâncias entorpecentes ilegais, como cocaína, maconha e heroína.

  • A ONU estima que o comércio ilegal de drogas movimente cerca de 400 bilhões de dólares anualmente, representando um volume significativo do comércio internacional.

  • O narcotráfico opera à margem das leis e regulamentações estabelecidas pelos governos, e sua venda não inclui substâncias lícitas como o álcool.

  • O narcotráfico envolve uma cadeia complexa de produção em regiões como América Latina, Ásia e África, e distribuição para mercados consumidores na Europa e América do Norte.

  • Grupos criminosos utilizam violência, corrupção e lavagem de dinheiro para manter operações de narcotráfico, que também aceleram a degradação ambiental e o crime.

  • Os objetivos do narcotráfico são o lucro financeiro e a expansão do poder das organizações criminosas, que controlam rotas de tráfico e mercados de drogas.

  • O narcotráfico no Brasil é controlado por organizações como o PCC e o Comando Vermelho, e Luiz Carlos da Rocha, conhecido como Cabeça Branca, foi uma figura central no tráfico internacional de drogas.

O que é o narcotráfico?

O narcotráfico é uma atividade criminosa que consiste no cultivo, fabricação, distribuição e venda de substâncias entorpecentes ilegais. O termo se refere especificamente ao tráfico de drogas ilícitas, como cocaína, maconha, o crack, entre outras.

A Organização das Nações Unidas (ONU) estima que o comércio ilegal de drogas movimente cerca de 400 bilhões de dólares anualmente, o que representa um volume significativo do comércio internacional.

Esse comércio é caracterizado pela sua natureza ilícita e pelo fato de operar à margem das leis e regulamentações estabelecidas pelos governos. A venda de substâncias lícitas, como o álcool, mesmo para menores de idade, não se enquadra como narcotráfico, mas sim como uma violação específica do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) no Brasil.

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O narcotráfico é uma preocupação mundial, e a ONU estabeleceu o dia 26 de junho como Dia Internacional contra o Abuso e o Tráfico Ilícito de Drogas, com o objetivo de debater os riscos e as consequências do uso descontrolado dessas substâncias.

Como funciona o narcotráfico?

As drogas são transportadas por rotas terrestres, marítimas e aéreas, utilizando-se diversos métodos para evitar a detecção pelas autoridades, como a ocultação em contêineres e veículos. Os grupos criminosos que operam no narcotráfico utilizam-se de violência, corrupção e lavagem de dinheiro para manter suas operações.

A quantidade de drogas apreendidas pelas autoridades é apenas uma pequena parcela do que é transportado pelo narcotráfico.[1]

O narcotráfico acelera a degradação ambiental e o crime, como observado na bacia amazônica, e as drogas sintéticas de baixo custo estão mudando os mercados de drogas, com resultados muitas vezes letais. O narcotráfico também está associado a outros crimes, como tráfico de armas, sequestros e financiamento ilícito de campanhas políticas.

Outro problema é que o narcotráfico frequentemente financia outras atividades ilegais que contribuem para a degradação ambiental, como a mineração ilegal de ouro e o comércio ilegal de madeira. Essas atividades não apenas destroem a floresta, mas também poluem os rios com mercúrio e outros produtos químicos tóxicos, afetando comunidades indígenas e a vida selvagem.

Objetivos do narcotráfico

Os objetivos do narcotráfico são primariamente o lucro financeiro e a expansão do poder das organizações criminosas. A demanda global por drogas ilícitas, combinada com a proibição e a falta de alternativas legais, cria um mercado altamente lucrativo para os traficantes.

O comércio ilegal de drogas gera enormes quantidades de dinheiro, que são utilizadas para financiar outras atividades ilícitas e para corromper instituições estatais. Além disso, o controle de rotas de tráfico e mercados de drogas permite que essas organizações aumentem seu poder territorial e político, muitas vezes desafiando a autoridade do Estado.

Qual é a diferença entre narcotráfico e tráfico?

Embora frequentemente usados de forma intercambiável, os termos narcotráfico e tráfico de drogas têm nuances distintas. O narcotráfico refere-se especificamente ao comércio ilegal de substâncias narcóticas e psicotrópicas que atua em uma escala internacional, envolvendo redes criminosas organizadas, que controlam linhas de produção e distribuição globais.

Narcotráfico no Brasil

O narcotráfico no Brasil é uma questão complexa e multifacetada, envolvendo a produção, trânsito e consumo de drogas ilícitas, principalmente cocaína e maconha. O país serve como uma importante rota de transbordo para a cocaína destinada à Europa e outros mercados, além de ter um significativo mercado interno para várias drogas.

Operação de busca em um porto do Rio de Janeiro, uma estratégia de combate ao narcotráfico.[2]

O narcotráfico no Brasil atua na Floresta Amazônica. Um dos problemas disso é que o cultivo da coca, planta base para a produção de cocaína, leva ao desmatamento e à destruição dos rios. Para estabelecer plantações de coca, florestas são derrubadas, o que resulta em perda de biodiversidade e liberação de carbono armazenado nas árvores.

Além disso, os produtos químicos utilizados no processamento da cocaína, como solventes e ácidos, podem contaminar o solo e os cursos d’água, prejudicando ainda mais o ecossistema local.

Organizações criminosas, como o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV), desempenham um papel central no narcotráfico, controlando rotas de tráfico e distribuição dentro e fora do país. A violência associada ao narcotráfico, incluindo conflitos entre facções rivais e confrontos com forças de segurança, é uma das principais preocupações das autoridades brasileiras.

Quem é o maior narcotraficante do Brasil?

Luiz Carlos da Rocha, mais conhecido como Cabeça Branca, é uma figura central no narcotráfico brasileiro, com uma longa carreira que o estabeleceu como um dos maiores traficantes de drogas do país e da América do Sul. Sua atuação no tráfico internacional de drogas e lavagem de dinheiro é bem documentada, com a Polícia Federal brasileira e a Interpol reconhecendo sua importância no cenário do crime organizado.

Cabeça Branca comandou, por mais de três décadas, um esquema de tráfico internacional de drogas responsável por abastecer mensalmente com pelo menos cinco toneladas de cocaína, de alto grau de pureza, países na Europa, na África e nos Estados Unidos.

Sua habilidade em manter-se discreto e fora do alcance das autoridades, combinada com uma abordagem diplomática nas negociações, permitiu-lhe construir um vasto império criminoso.

Diferentemente de outros traficantes que recorrem à violência, Cabeça Branca ganhou respeito e influência através da discrição, diplomacia e pagamentos generosos, o que incluiu comprar o silêncio de políticos e funcionários públicos no Brasil e no Paraguai, além de supostamente pagar pelo apoio de funcionários dos portos de Santos e Itajaí, por onde escoava sua mercadoria.

A operação “Sem Saída”, conduzida pela Polícia Federal, foi considerada a maior operação da história da instituição na desarticulação patrimonial de uma organização criminosa com atuação no tráfico internacional de drogas e lavagem de dinheiro. A magnitude dessa operação reflete a extensão da rede de Cabeça Branca e seu impacto no narcotráfico.

Além disso, a PF já sequestrou mais de R$ 1 bilhão e ajudou a Justiça do Paraguai a bloquear cerca de US$ 183 milhões do traficante, evidenciando a escala financeira de suas operações.

Cabeça Branca era conhecido por sua capacidade de operar com uma logística sofisticada, negociando com diversos grupos e especializando-se no transporte e exportação de cocaína via portos importantes, como Santos e Paranaguá. Sua prisão em 2017, após mais de 30 anos de atividades ilícitas, marcou o fim de uma era para o narcotráfico no Brasil, mas também destacou os desafios contínuos enfrentados pelas autoridades na luta contra o tráfico de drogas e a lavagem de dinheiro.

Saiba mais: Drogas K e maconha sintética são a mesma coisa?

Narcotráfico no mundo

O narcotráfico no mundo é uma indústria em franca expansão, apesar dos esforços internacionais para combatê-lo. Geralmente, as zonas produtoras são países com condições climáticas e geográficas favoráveis ao cultivo de plantas utilizadas na produção de drogas ilícitas, como a coca e a papoula.

O narcotraficante Pablo Escobar comandava o cartel de Medellín, na Colômbia.[3]

Os cartéis do narcotráfico mais conhecidos no mundo são: Sinaloa, Medellín e Cali. Eles são formados por empresários que financiam o tráfico internacional de drogas e armas. Na América do Sul, a cocaína é a droga mais produzida, com a Colômbia, o Peru e a Bolívia liderando a produção. Esses países garantem a distribuição da droga globalmente, gerando receitas estimadas em aproximadamente 500 bilhões de dólares anuais.

A América Central, por sua vez, tornou-se um ponto crucial de trânsito, com mulheres traficantes de drogas emergindo como líderes de cartéis, desafiando estereótipos e assumindo papéis de poder no narcotráfico.

Na Europa, a cocaína sul-americana e a violência dos cartéis representam um problema crescente. Em 2021, cerca de 3,5 milhões de europeus experimentaram cocaína, um nível histórico quatro vezes superior ao registrado anteriormente. O porto de Antuérpia, na Bélgica, tornou-se a principal porta de entrada da cocaína na Europa, com quase 110 toneladas apreendidas em 2022.

Na Ásia, particularmente o Sudeste do continente, países como Afeganistão, Myanmar e Laos são notórios pelo cultivo de papoula e pela produção do ópio, que é a base para fazer a heroína. O Sudeste Asiático tem visto um aumento na produção e consumo de drogas sintéticas, o que representa uma mudança nos padrões de consumo na região.

A produção de drogas sintéticas a baixo custo, as metanfetaminas, está aumentando a letalidade do narcotráfico.

O Relatório Mundial sobre Drogas 2023 do UNODC alerta para a convergência de crises e a contínua expansão dos mercados de drogas ilícitas, com um aumento no número de pessoas que usam drogas e sofrem de transtornos associados ao uso de drogas. Novos dados de 2021 fornecem uma estimativa global de pessoas que injetaram drogas em 13,2 milhões, 18% superior ao ano anterior.

Globalmente, mais de 296 milhões de pessoas usaram drogas em 2021, um aumento de 23% em relação à década anterior. Enquanto isso, o número de pessoas que sofrem de transtornos associados ao uso de drogas subiu para 39,5 milhões, um aumento de 45% em dez anos.

História do narcotráfico

O narcotráfico, como conhecemos hoje, começou a tomar forma no século XX, mas suas raízes remontam a períodos anteriores, quando substâncias psicoativas eram comercializadas para uso medicinal, religioso e recreativo. A proibição dessas substâncias em várias partes do mundo, especialmente no início do século XX, criou um mercado ilícito lucrativo, alimentando o surgimento de redes criminosas organizadas.

Créditos da imagem

[2] Wikimedia Commons

[3] Artush/ Shutterstock

Fontes

BERGMAN, Marcelo. Drogas, narcotráfico y poder en América Latina. 2016.

RODRIGUES, Thiago. Narcotráfico: uma Guerra na Guerra. São Paulo: Desatino, 2017.

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