Estrutura social. Definição de estrutura social


Ao pensarmos no conceito de sociedade, é fundamental compreendermos algo intrínseco a ela: sua estrutura. Segundo Raymond Firth, em artigo publicado no livro Homem e Sociedade, organizado por Fernando Henrique Cardoso e Octavio Ianni, considera-se uma estrutura social a ligação das partes que compõem o todo, “o arranjo no qual os elementos da vida social estão ligados” (IANNI, 1973, p. 35). Dessa forma, são relações que se sobrepõem e se interligam, e possuem certo grau de complexidade, não sendo momentâneas, mas sim possuindo certa constância e continuidade. De maneira mais direta, podemos afirmar que a estrutura social diz respeito à forma como a sociedade se organiza – assim como certas funções são necessárias para aquele grupo – , e à forma como estão dispostos os status (posições sociais) e papéis sociais, conforme privilégios e deveres.


Além disso, é possível afirmar que estrutura social tem a ver com a expectativa do comportamento entre os indivíduos, os quais assumem papéis sociais e possuem status sociais, fatos que nos permitiriam organizar nossas vidas enquanto atores sociais. Isso significa que há uma expectativa para o papel social exercido pelo pai, pela mãe, pelo filho, pelo professor, pelo policial, enfim, por todos aqueles que estão na sociedade e interagem o tempo todo através das relações sociais. Mais do que isso, se pensarmos apenas no papel do professor, ao mesmo tempo em que há uma expectativa de seus alunos em relação a seu papel, ele também espera um comportamento de seus alunos, assim como de seus superiores, entre outros.


Mais especificamente, “o conceito de estrutura social é um recurso analítico que serve para compreender como os homens se comportam socialmente” (ibidem, p. 36). Precisamos considerar que se as expectativas das normas sociais são importantes, por outro lado, essas mesmas normas podem ser alteradas pelos atores sociais em seu cotidiano. Isso significa que os papéis sociais podem mudar. Se aqueles tipos de relações sociais que caracterizam uma sociedade não existissem, consequentemente aquela sociedade não seria a mesma. Uma sociedade rural, como aquela que predominava no feudalismo, tinha relações peculiares. Com as transformações econômicas e políticas ocorridas com o despontar da sociedade industrial, o campo também mudou.


Outro ponto importante é pensar que vários aspectos fazem parte da estrutura social, dentre eles as relações de parentesco, uma vez que dizem respeito às relações sociais propriamente ditas. Grosso modo, as relações de parentesco são marcadas por um modelo de relação familiar, modelo esse que marca um padrão de funcionamento da família, importante instituição social que exerce sua função na vida social.

Não pare agora… Tem mais depois da publicidade 😉


Dessa forma, para se pensar em estrutura social, também devemos considerar a ideia de função social, a qual diz respeito à relação entre uma ação social e o sistema no qual essa ação está inserida. Em outras palavras, a função social é dada pelo resultado (consequência ou expectativa) da ação de um indivíduo (comportamento) em relação às outras pessoas que fazem parte de uma sociedade. Assim, as ações possuem funções sociais dentro de uma estrutura social. As funções sociais servem para atender às necessidades do homem que vive em sociedade (para além das biológicas). A função social do casamento seria formar uma família e, dessa forma, reproduzir os homens.  Outro exemplo importante seria pensarmos na função social da proibição do incesto.


Em linhas gerais, uma análise da sociedade não deve prescindir desses conceitos tão importantes à compreensão da realidade social – estrutura, função e instituições sociais, tentando-se apreender as características e as peculiaridades de cada época, de cada contexto. Assim, ao estudarmos as estruturas sociais, é preciso examinar como ocorrem as variações das formas básicas de relações sociais. Dessa maneira, temos de estudar tanto a adaptação social em transformações, como a continuidade social.




Paulo Silvino Ribeiro

Colaborador

Bacharel em Ciências Sociais pela UNICAMP – Universidade Estadual de Campinas

Mestre em Sociologia pela UNESP – Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”

Doutorando em Sociologia pela UNICAMP – Universidade Estadual de Campinas

Postar um comentário

Postagem Anterior Próxima Postagem