Estrutura homogênea e estratificada. Estrutura homogênea e estratificada


Ao pensarmos nas diferenças entre uma estrutura homogênea e uma estrutura estratificada, tomaremos por base principalmente as posições sociais ocupadas pelos indivíduos, uns em relação aos outros, isto é, referindo-se à forma como a sociedade está divida e organizada. Logo, na estrutura homogênea, os aspectos e fatores que diferenciam os indivíduos não são em mesmo número ou natureza daqueles presentes em uma estrutura estratificada.


Um dos aspectos está na forma como se apresenta a divisão do trabalho. Nos agrupamentos sociais de períodos, como na Idade Média, quando predominava o feudalismo, não havia uma grande divisão do trabalho, nem uma especialização, pois todos os integrantes do grupo familiar trabalhavam juntos na produção da lavoura ou na criação de animais. Predominava uma sociedade do tipo estamental, na qual não há mobilidade social. O produto do trabalho era para todos, havendo uma divisão de trabalho mais simples, apenas uma divisão de tarefas. A organização da sociedade era dada por meio de estamentos e não de classes sociais, como na sociedade industrial. Nas sociedades mais simples, de estrutura homogênea, predomina um tipo de solidariedade social que Èmile Durkheim chamou de mecânica, na qual os laços sociais são mais intensos, havendo maior proximidade e menor diferença entre as pessoas. Daí maior homogeneidade. Outro exemplo interessante seriam as tribos indígenas, nas quais os sentimentos de pertencimento e de união são muito fortes.


Já nas sociedades de estrutura estratificada, predomina uma alta especialização do trabalho. A sociedade industrial que nasce na Europa, fruto do desenvolvimento do capitalismo, é o exemplo mais clássico. Nela predominaria uma maior divisão do trabalho, que possuiria uma função integradora, pois coloca em contato indivíduos diferentes, especialistas na produção de cada parte que compõe o todo do produto. Nesse tipo, predomina uma sociedade que Èmile Durkheim classificaria como solidariedade orgânica, na qual os laços sociais seriam mais frouxos.

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Ter-se-ia a formação de uma sociedade de classes, como afirmaria Karl Marx, sociedade esta caracterizada pela constituição de uma classe burguesa (dona dos meios de produção) e outra proletária (que apenas daria força de trabalho). A diferença entre esses estratos sociais se daria não apenas pela posição de cada um na produção da vida material, mas também em relação à renda e ao acesso aos produtos, aos bens materiais. Obviamente, a diferença entre as classes sociais teria como base a desigualdade social gerada pela acumulação de riqueza e da propriedade privada, fato que certamente não gera uma sociedade homogênea em vários aspectos (matérias, valores, expectativas, etc.).


Logo, o desafio contemporâneo dos governantes das sociedades estratificadas estaria em conseguir diminuir o fosso que separa os mais ricos dos mais pobres. Se por um lado a mesma homogeneidade das sociedades mais antigas não é mais uma realidade (e talvez algo utópico), seria importante resgatar os valores que garantem um maior laço social, fundamental à coesão e à existência de uma vida social mais justa.




Paulo Silvino Ribeiro

Colaborador

Bacharel em Ciências Sociais pela UNICAMP – Universidade Estadual de Campinas

Mestre em Sociologia pela UNESP – Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”

Doutorando em Sociologia pela UNICAMP – Universidade Estadual de Campinas

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