A escravidão indígena foi a primeira tentativa da Coroa portuguesa de explorar a mão de obra no Brasil. Os portugueses encontraram inúmeras dificuldades em capturar indígenas para esse fim. Além destes conhecerem muito bem o território, os padres jesuítas tornaram-se empecilhos para a escravidão, porque defendiam os índios para serem catequizados.
A Coroa só autorizava a escravidão indígena por meio da guerra justa. Com a vinda dos negros africanos para o trabalho escravo, e tendo-se em vista a lucratividade do tráfico negreiro, a escravidão indígena foi sendo deixada de lado.
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Contexto histórico da escravidão indígena
Quando os portugueses desembarcaram no Brasil em 1500, buscou-se o primeiro contato com os nativos para conhecer-se melhor a região e suas riquezas.
O primeiro ciclo econômico da colônia foi o pau-brasil. Os índios retiravam as árvores das florestas próximas ao litoral e colocavam-nas nas caravelas portuguesas em troca de espelhos e bugigangas que não tinham valor comercial para os portugueses, mas chamavam a atenção dos nativos. Essa troca chamava-se escambo.
No mesmo período que a Coroa portuguesa decidiu investir na exploração do Brasil, a Companhia de Jesus também participou dessa empreitada e enviou diversos padres para catequizar os habitantes das regiões distantes da Europa. No século XVI, a Igreja sofria os reveses da Reforma Protestante, e a criação da Companhia de Jesus foi uma das respostas ao avanço protestante na América.
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Causas da escravidão indígena
As causas da escravidão indígena estão ligadas principalmente ao propósito dos portugueses em colonizar o Brasil. Ao contrário do que houve na América do Norte, os colonizadores portugueses não deixaram seus reinos para morar aqui. Eles vinham apenas para explorar as riquezas do Brasil. A única mão de obra disponível era a indígena, no entanto, o trabalho escravo e em grande escala não era comum para os índios.
Os colonizadores utilizaram-se de ameaças, da força física e da propagação de doenças para forçar os índios a trabalharem para a Coroa. Várias tribos foram dizimadas por conta do conflito com os portugueses ao recusarem o trabalho escravo. Muitos índios fugiram para o interior do Brasil, evitando ser escravizados. O fracasso da escravidão indígena fez com que os portugueses optassem pela escravidão negra oriunda da África.
Escravidão entre os indígenas
A escravidão entre os índios acontecia logo após uma tribo vencer a outra em um combate. Os derrotados eram transformados em mão de obra escrava, mas o trabalho exigido não se comparava com o que os portugueses esperavam que os índios fizessem.
Igreja e a escravidão indígena
Percebendo que os colonos não cessariam de persegui-los até conseguirem capturá-los para o trabalho nas lavouras de açúcar, os padres jesuítas fugiram com os índios para o interior do Brasil, principalmente para as terras mais ao sul e ao norte da colônia. Surgiam assim as missões jesuítas, que protegiam os índios da perseguição dos portugueses e nas quais eram ensinados a doutrina católica e o preparo da terra para a plantação dos alimentos a serem consumidos nelas.
Esse avanço jesuíta foi o primeiro movimento de interiorização do Brasil. Os jesuítas alcançaram o norte da colônia, principalmente a região próxima da Floresta Amazônica. Essas expedições religiosas ao norte descobriram as drogas do sertão, produtos oriundos da floresta.
Coroa e a escravidão indígena
Para evitar o conflito entre os colonos e os jesuítas, a Coroa portuguesa determinou a guerra justa — os portugueses só poderiam escravizar os índios que tivessem entrado em conflito com os colonos, um confronto gratuito, sem provocação dos portugueses.
Abolição da escravidão indígena
A Coroa portuguesa teve mais prejuízo do que benefício com a escravidão indígena. A fuga para regiões mais distantes, a indisponibilidade para o trabalho intensivo exigido pela Coroa e a presença jesuíta na defesa dos índios fizeram com que os portugueses repensassem formas de mão de obra para a lavoura de cana-de-açúcar. A escravidão africana mostrou-se lucrativa e mais vantajosa do que a indígena.
Escravidão indígena X escravidão africana
O negro africano veio trabalhar como escravo no Brasil para atender aos anseios da Coroa de iniciar-se rapidamente a produção açucareira de forma intensiva. Com o trabalho escravo vindo da África sendo vantajoso financeiramente e atraente para os senhores de engenho do Nordeste, o tráfico negreiro intensificou-se para essa região, e, dessa forma, a escravidão indígena foi sendo substituída pela mão de obra negra.
Resumo sobre a escravidão indígena
- O trabalho indígena na colônia foi a primeira tentativa de escravizar os índios para que trabalhassem de forma intensiva nas lavouras de cana-de-açúcar no Nordeste.
- Conflitos entre colonos e jesuítas pela posse dos índios.
- Guerra justa: a Coroa só admitia a mão de obra indígena se houvesse conflito entre os colonos e as tribos indígenas.
- O tráfico negreiro mostrou-se mais lucrativo e atraente para os senhores de engenho.
Exercícios resolvidos
Questão 1 – Podemos afirmar que a guerra justa foi:
A) justificativa para a escravização da mão de obra indígena.
B) disputa religiosa entre católicos e muçulmanos.
D) guerra entre portugueses e piratas franceses no Rio de Janeiro.
Resolução
Alternativa A. Caso uma tribo indígena atacasse algum colono no Brasil, esse colono poderia escravizar os índios que o atacaram: era a guerra justa.
Questão 2 – Como se deu a atuação dos jesuítas com os índios?
A) Os padres jesuítas evitaram o contato com os índios, pois não queriam ser tentados a casarem-se.
B) Os jesuítas catequizaram os índios para ganhar mais adeptos à Igreja Católica.
C) Na guerra justa, os jesuítas incentivaram os índios a guerrearem contra os portugueses.
D) Os jesuítas fracassaram nos seus objetivos de catequizar os índios.
Resolução
Alternativa B. Logo após a Reforma Protestante, a Igreja Católica pretendia aumentar o número de fiéis nas terras recém-descobertas na América. Os padres jesuítas foram responsáveis por firmar a fé cristã entre os colonos e catequizar os índios.