O ultranacionalismo é entendido como a manifestação extrema do nacionalismo, promovendo uma exaltação radicalizada e violenta dos valores e cultura de uma nação. O ultranacionalismo entende que a cultura de seu próprio povo é superior a todas as outras, enxergando estas como inferiores.
Tópicos deste artigo
Resumo sobre ultranacionalismo
O ultranacionalismo é a manifestação radicalizada do nacionalismo.
Defende a ideia de superioridade de determinado povo e tem forte tendência xenofóbica.
Dialoga com o supremacismo, pois se baseia na ideia da superioridade cultural ou étnica.
Ao longo da história, associou-se diretamente com o fascismo e o nazismo.
No Brasil, movimentos políticos representantes do ultranacionalismo são o integralismo e o bolsonarismo.
O que é ultranacionalismo?
O ultranacionalismo é a manifestação radicalizada e violenta do nacionalismo. Nesse sentido, é um movimento que defende violentamente os interesses e a cultura de determinado povo, no sentido de formar ou assegurar um território entendido como sua nação. Assim, o ultranacionalismo é uma ideologia que dialoga diretamente com a xenofobia.
Isso porque, enquanto ideologia, o ultranacionalismo estabelece a defesa dos seus interesses nacionais sob um viés supremacista e que vê povos estrangeiros como “inferiores”. Isso motiva um discurso xenofóbico contra grupos estrangeiros e, muitas vezes, conduz a ações violentas contra eles.
O ultranacionalismo, por si, não forma um partido político, mas a defesa radicalizada dos interesses nacionais é característica de movimentos políticos extremistas, principalmente da extrema-direita. O ultranacionalismo também se vincula com grupos políticos autoritários que usam a plataforma ultranacionalista pra conquistar apoiadores.
Como mencionado, o ultranacionalismo é uma ideologia diretamente ligada à ideia de superioridade de determinada raça e, ao longo da história, motivou iniciativas de limpeza étnica, isto é, genocídios.
Características do ultranacionalismo
Além disso, os ultranacionalistas procuram se estabelecer no poder e atacar todos que não concordam com os seus princípios. Uma das acusações que podem usar é que seus opositores atuam contra os interesses do próprio país. A construção da nacionalidade realizada pelos ultranacionalistas, muitas vezes, faz uso da mitificação da história, isto é, a criação de mitos históricos com o objetivo de dar um sentido ou uma ideia de continuidade histórica para o que defendem.
Sendo assim, o ultranacionalismo pode manifestar-se por meio de questões étnicas, culturais, geográficas, linguísticas, religiosas, todas usadas no sentido de formar a ideia de uma nação, dando um senso de unidade para a população.
Ultranacionalismo no Brasil
O ultranacionalismo, embora muito associado a movimentos e ideologias políticas da América do Norte e da Europa, também se manifestou no Brasil ao longo da história. Como o ultranacionalismo é um fenômeno ligado ao nacionalismo, o seu surgimento teve origem no século XIX, mas ganhou força no século XX.
Nesse sentido, os primeiros movimentos ultranacionalistas do Brasil surgiram no século XX. Os principais foram:
Manifestação do fascismo no Brasil que tinha como líder o jornalista Plínio Salgado. Os integralistas defendiam o ultranacionalismo, além de serem anticomunistas, defensores de uma visão de mundo conservadora e moralista. Os integralistas eram antiliberais, portanto, se opunham aos valores da democracia liberal, nutriam ideais antissemitas e defendiam o estabelecimento de um governo com uma liderança forte, aos moldes da exercida por Benito Mussolini. Caso queira saber mais sobre o integralismo, leia nosso texto.
O integralismo foi um fenômeno da década de 1930 e 1940, perdendo força com a derrota do nazifascismo na Segunda Guerra Mundial. Décadas depois, defensores dos ideais integralistas ressurgiram sob um movimento entendido como neointegralismo e procuraram se inserir na política brasileira.
O movimento bolsonarista também tem posições ultranacionalistas e se utiliza dos símbolos nacionais como meio de promover o seu discurso. Os bolsonaristas ficaram conhecidos por utilizar os símbolos nacionais supostamente em defesa do Brasil. No entanto, essa ação é entendida como uma iniciativa para criar um discurso que impõe seus próprios interesses como se fossem de todos os brasileiros.
Sendo assim, todos os que questionam a legitimidade dos ideais bolsonaristas são acusados por eles de estarem atuando contra os interesses do Brasil. Os participantes desse movimento são conhecidos por usar a Bandeira Nacional e as cores verde e amarela como símbolos políticos.
Partidos e movimentos ultranacionalistas no mundo
O ultranacionalismo também pode ser encontrado em movimentos políticos espalhados pelo mundo, e alguns deles são bem conhecidos internacionalmente. Alguns políticos de grande relevância no cenário político internacional — como Donald Trump, Viktor Orbán, Benjamin Netanyahu e Narendra Modi — são considerados ultranacionalistas por observadores políticos.
Em geral, grupos ultranacionalistas em diversas partes do mundo são:
Hungria: Fidesz
Itália: Lega e Fratelli d’Italia
Estados Unidos: Partido Republicano
Polônia: Lei e Justiça (Prawo i Sprawiedliwosc)
Grécia: Aurora Dourada
Espanha: Vox
Ultranacionalismo no mundo
Ao longo da história, uma série de movimentos ultranacionalistas surgiram, com destaque para o nazismo, na Alemanha, e o fascismo, na Itália. Como apontado, o ultranacionalismo surgiu como uma manifestação radicalizada do nacionalismo, e este, por sua vez, surgiu em meados do século XIX como uma manifestação dos povos pela sua autodeterminação.
Levando em consideração o exemplo nazista, o ultranacionalismo se manifestou por meio da defesa da soberania do povo germânico, chamado na ideologia nazista de “arianos”. A ideia de que os germânicos formavam um povo superior fez com que os nazistas enxergassem uma série de povos como inferiores, entre os quais estavam os eslavos, os ciganos e, principalmente, os judeus.
Isso fez com que os nazistas alimentassem a ideia de expansão do território germânico, além da perseguição a grupos entendidos como inferiores. O resultado disso foi o Holocausto, o genocídio promovido pelos nazistas que resultou na morte de cerca de seis milhões de judeus.
Os nazistas, no entanto, não foram o único movimento ultranacionalista ao longo da história. Outros também assumiram essas posições, como:
Espanha: franquismo
Itália: fascismo
Reino Unido: União Britânica de Fascistas
Croácia: Ustasha
Camboja: Khmer Vermelho
China: PCCh, sob o governo de Mao Tsé-Tung
União Soviética: stalinismo
Créditos da imagem
Fontes
BBC. Quem são os integralistas? Disponível em:
BHAZ. Verde e amarelo: como Bolsonaro sequestrou a bandeira de dividiu a nação. Disponível em:
DIÁRIO DE NOTÍCIAS. Ultranacionalismo, a ideologia de ditadores e aspirantes. Disponivel em:
HOBSBAWM, Eric. Nações e nacionalismo desde 1780: programa, mito e realidade. São Paulo: Paz e Terra, 2016.
JAGUARIBE, Hélio. O nacionalismo na atualidade brasileira. Brasília: FUNAG, 2013.
OPEN EDITION JOURNALS. Neointegralismo: do debate historiográfico a uma possível definição. Disponível em:
VEJA. Ultranacionalismo move países como Itália e Rússia a atacar língua inglesa. Disponível em: https://veja.abril.com.br/comportamento/ultranacionalismo-move-paises-como-italia-e-russia-a-atacar-lingua-inglesa