O que é islamofobia?

A islamofobia é o preconceito, sistêmico ou pontual, bem como a aversão, intolerância e discriminação contra pessoas islâmicas em decorrência de sua religião e a origem étnica ligada a ela. A islamofobia tem ficado evidente nos últimos anos com a crise dos refugiados, pois muitos muçulmanos provenientes, sobretudo, da Síria buscaram refúgio em países europeus e americanos.

Esse fato despertou a islamofobia em pessoas e movimentos de vieses conservadores e nacionalistas, que se utilizam dos atos terroristas cometidos por grupos minoritários que não representam o islã para despertar o medo, a desconfiança e o ódio contra os imigrantes de origem muçulmana.

Tópicos deste artigo

Resumo sobre islamofobia

  • Islamofobia é uma forma de preconceito quanto à origem étnica e religiosa contra quem é muçulmano.

  • Foi intensificada pela ascensão de movimentos nacionalistas de extrema direita.

  • O surgimento de grupos terroristas islâmicos fundamentalistas dificulta a luta contra a islamofobia.

  • Os grupos terroristas fundamentalistas islâmicos não representam o islamismo.

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O que é islamismo?

O islamismo é uma religião monoteísta baseada nas mensagens de Deus ao profeta Maomé. Na tradição islâmica, Maomé foi quem recebeu diretamente a mensagem de Allah (Deus) e, por isso, é um profeta que se destaca dos outros. Para os muçulmanos, Allah é o criador de tudo, onipotente, onisciente e moralmente perfeito, ou seja, o islamismo enxerga a imagem de Deus de maneira bem parecida com o cristianismo.

O islamismo surgiu no século VII d.C., portanto, é mais recente que o cristianismo. Na tradição islâmica, Jesus não é o messias. Ele foi um profeta, assim como Maomé, Adão, Noé, Abraão e Moisés. O livro sagrado do islamismo é o Alcorão ou Corão. Quem pratica o islamismo é chamado de islâmico, muçulmano ou maometano.

O que é islamofobia?

A islamofobia é um neologismo cunhado para descrever a situação de preconceito vivida por pessoas de origem islâmica no mundo, sobretudo no Ocidente. A necessidade de criação dessa palavra para representar um preconceito religioso se deu porque o sentimento islamofóbico cresceu vertiginosamente no mundo, ganhando proporções que merecem um estudo mais detalhado.

A partir dos atentados de 11 de setembro de 2001, cometidos pelo grupo terrorista Al-Qaeda, o então presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, declarou guerra contra o terrorismo. Na época, um sentimento confuso tomou posse de muitas pessoas que não compreenderam que a Al-Qaeda, assim como o Estado Islâmico em outros momentos (bem como qualquer outro grupo terrorista), não representa o povo muçulmano.

Esse sentimento confuso, com a exploração das ações terroristas por parte da imprensa, gerou em boa parcela da população média ocidental um sentimento de associação de pessoas muçulmanas a grupos terroristas. Esse sentimento foi intensificado recentemente por conta do atentado contra o jornal humorístico francês Charlie Hebdo, praticado também pela Al-Qaeda, e pelo crescimento e notoriedade do Estado Islâmico no contexto da guerra civil na Síria.

Sabe-se que o Estado Islâmico atua de forma fragmentada, arregimentando jovens em todos os continentes pela internet, e uma espécie de temor generalizado da atuação do Estado Islâmico gera ainda mais preconceito ao dar suporte a uma desconfiança contra muçulmanos.

Grupos terroristas não representam os povos islâmicos. Ao nos referirmos aos grupos terroristas, como Al-Qaeda e Estado Islâmico, além de movimentos muçulmanos ultrarradicais, como o movimento Talibã (que se iniciou como uma milícia e governou o Afeganistão entre 1996 e 2001), estamos falando de uma minoria fundamentalista radical. O pensamento fundamentalista é aquele pensamento ultraconservador e rígido, que defende a obediência cega a um conjunto de normas sociais, religiosas e morais.

Esses grupos tentam estabelecer o seu poder e instalar um Estado religioso ditatorial para controlar a população. Muitos utilizam de uma manobra teórica para uma interpretação tendenciosa do Corão (o livro religioso do islamismo) a fim de arregimentar e convencer homens a cometerem atos terroristas, muitos deles suicidas, em nome da causa defendida pelo grupo. Não se pode atribuir a existência de tais grupos ao simples fato da existência da religião ou do livro sagrado, visto que a interpretação fundamentalista é bastante distorcida.

O que é xenofobia?

A xenofobia é um tipo de preconceito que surge com base na origem de uma pessoa. Ela acontece quando um grupo de pessoas manifesta preconceito, perseguição, aversão, discriminação e até agressão contra pessoas ou grupos de pessoas que imigraram. A imigração é a única saída que muitas pessoas encontram para fugir de condições de vida adversas, como a fome, a seca, a falta de emprego, guerras e perseguições. A pessoa que imigra, em geral, o faz por necessidade.

É preciso reafirmar que a ação de grupos terroristas radicais não representa a visão do islamismo.[1]

Quando um imigrante sai de seu país e não vê condição de retorno, ele pode pedir asilo ou refúgio em outro país. Se concedido, ele entra na situação de refugiado e recebe um visto para permanecer no país em que se abrigou. Essa situação é vista como motivo para pessoas preconceituosas praticarem a xenofobia, que pode, muitas vezes, estar ligada à islamofobia. Acompanhe a discussão desse tema também em nosso podcast: Xenofobia no Brasil e no mundo.


  • Videoaula sobre xenofobia

Islamofobia na França

A França é uma das democracias mais antigas e consolidadas do mundo contemporâneo e presa firmemente por valores republicanos, como a liberdade e a igualdade. No entanto, o caso francês é extremamente complicado quando se trata da islamofobia. Isso porque o país europeu é o país com o maior número de muçulmanos, somando-se algo em torno de seis milhões de praticantes da religião de Maomé por lá.

Existem muçulmanos oriundos de colônias francesas que imigraram em busca de condições dignas de vida, muitos fugindo de conflitos armados em seus países de origem, e os filhos desses imigrantes nasceram na França, portanto, são cidadãos franceses muçulmanos.

Apesar dos números, a islamofobia se torna cada vez mais presente no cotidiano francês, chegando a aparecer em políticas públicas e ações governamentais com viés islamofóbico. No início, a islamofobia era majoritariamente praticada na França por pessoas vinculadas a grupos de extrema-direita ultranacionalistas.

O hijab, o véu utilizado pelas mulheres muçulmanas em público desde a puberdade, é um importante símbolo sagrado no islã.

Em 7 de janeiro de 2015, membros de uma facção da Al-Qaeda na França invadiram a redação do jornal em Paris armados com fuzis. Eles atiraram nos jornalistas. O ataque resultou em 12 mortos e cinco feridos. A partir daí, as discussões sobre a liberdade de expressão se acirraram, como foi acirrada também a islamofobia na França. Assim, o medo e a desconfiança de pessoas muçulmanas foram insuflados por pessoas com posições políticas radicais, dando vazão à prática da islamofobia.

A perseguição começou a se tornar mais sistêmica, estando presente, inclusive, em ações do governo do presidente Emanuel Macron, como a proibição do uso do hijab, o véu obrigatório para mulheres, em escolas públicas.

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