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Cultura material e cultura imaterial

Cultura material e cultura imaterial são diferentes modalidades culturais que preveem a existência de elementos culturais fisicamente construídos e elementos culturais que não possuem uma criação física e material, respectivamente.

Tópicos deste artigo

Definição de cultura

O termo “cultura” é vasto, possuindo vários significados. Segundo o Dicionário Aurélio online|1|, cultura significa:

1. Ato, arte, modo de cultivar;

2. Lavoura;

3. Conjunto das operações necessárias para que a terra produza;

4. Vegetal cultivado;

6. Aplicação do espírito a (determinado estudo ou trabalho intelectual);

7. Instrução, saber, estudo;

8. Apuro, perfeição, cuidado.

Cultura significa cultivo, cuidado, criação, conservação e manutenção, além de conhecimento. Todos esses significados da palavra convergem numa ideia que a sociedade mantém de sua cultura: a formação intelectual, estética, artística, paisagística, arquitetônica, religiosa, espiritual, científica, filosófica, gastronômica, linguística e musical de um povo.

O povo é capaz de criar, e a sua criação é somada a um amontoado de criações anteriores. A soma de todas as criações desse povo constitui a sua cultura. O aspecto de cultivo presente na cultura de um povo é justamente o ato de mantê-la viva para que não se perca.

A sociologia lida diretamente com o estudo da cultura na tentativa de estabelecer laços elementares que formam determinadas sociedades. A antropologia, enquanto ciência social, é aquela que busca compreender as estruturas das formações humanas analisando, entre outros aspectos, a cultura das sociedades.

Diferença entre cultura material e cultura imaterial

A diferença entre esses dois modos de fazer-se cultura é simples e encontra-se nos próprios termos em questão: cultura material compreende os fazeres culturais que são vistos, são tocados e existem numa realidade material física. Cultura imaterial compreende tudo aquilo que faz parte de uma formação cultural, mas não existe fisicamente ou não existe enquanto uma realidade material presente o tempo todo, sendo “consumido” rapidamente.

Para entendermos melhor o sentido e a diferença dos dois termos, listamos alguns exemplos de cultura material e cultura imaterial:

As obras de artes plásticas, em geral, compreendem elementos culturais materiais. Pinturas, esculturas, artesanatos, arquitetura, paisagismo, fotografia, intervenções humanas na paisagem natural, literatura, entre outras formas ou fazeres culturais que existem fisicamente, podem ser considerados elementos culturais materiais.

Tudo aquilo que faz parte da vasta gama cultural de uma sociedade, mas não existe concretamente, pode ser considerado cultura imaterial. O idioma, as gírias e variações linguísticas, a religião, as festas populares, as festas religiosas, a dança, a música, as lendas e crenças populares, e a culinária são manifestações culturais que identificam determinadas sociedades e não existem materialmente.

Patrimônio cultural material e imaterial

A cultura de um povo deve ser preservada para que a identidade dele seja mantida. Nesse sentido, a cultura é uma forma de coesão social, ou seja, ela é capaz de unir as pessoas de uma sociedade em torno de um bem comum que é, justamente, a identificação dos membros daquela sociedade com a sua cultura.

O conjunto desses elementos culturais mantidos tradicionalmente pelas sociedades é chamado de patrimônio cultural. Assim como a cultura, o patrimônio cultural pode ser classificado como material ou imaterial.

Para que a cultura brasileira como um todo e de todas as regiões, etnias, povos e estados seja mantida, existe no Brasil uma entidade pública chamada Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O Iphan é responsável por identificar elementos culturais tanto materiais quanto imateriais e cuidar para que eles sejam mantidos intactos, além de promover a restauração do patrimônio cultural material.

Fazendo um trabalho parecido com o do Iphan, porém a nível mundial, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) também busca identificar, incentivar e preservar elementos culturais materiais ou imateriais no mundo. Tanto a Unesco quanto o Iphan realizam intensos estudos sobre os elementos que pretendem incluir nas suas listas de patrimônio que deve ser preservado, e essa inclusão é chamada de “tombamento”. Para aprofundar-se mais nesse tema, acesse: Patrimônio histórico cultural.

Cultura material e imaterial no Brasil

No Brasil temos vários elementos culturais materiais e imateriais tombados pelo Iphan ou pela Unesco. No Pará ocorre, todos os anos, uma tradição religiosa de vertente católica chamada Círio de Nazaré, na qual há a travessia da imagem de Nossa Senhora do Nazaré, por uma procissão, pela cidade de Belém. O Círio de Nazaré é tombado pelo Iphan como patrimônio histórico cultural imaterial do Brasil.

Na cidade de Pirenópolis, interior do estado de Goiás, ocorre uma tradicional festa católica chamada Festa do Divino Espírito Santo. Como manda a tradição da festa que dura uma semana, nos três últimos dias, há a encenação de uma batalha de cavaleiros, sendo eles representantes dos mouros (muçulmanos) e cristãos nas Cruzadas. A encenação é chamada de Cavalhadas, uma tradição tombada como patrimônio histórico cultural imaterial do Brasil pelo Iphan.

O Iphan também tombou o frevo (tradicional festa carnavalesca pernambucana) e o acarajé (prato típico baiano criado com base nas raízes da culinária africana por negros escravizados no Brasil) como elementos culturais imateriais do Brasil. Além desses, centenas de outros tombamentos foram registrados pelo instituto.

Como elementos culturais materiais tombados pela Unesco, temos 13 tombamentos de cidades ou partes de cidades brasileiras escolhidas por sua representação artística, arquitetônica e paisagística. São eles:

  • Conjunto da Pampulha MG;

  • Conjunto arquitetônico, paisagístico e urbanístico de Brasília DF;

  • Conjunto arquitetônico, paisagístico e urbanístico da Cidade de Goiás (antiga capital do Estado de Goiás) GO;

  • Conjunto arquitetônico, paisagístico e urbanístico de Diamantina MG;

  • Conjunto arquitetônico, paisagístico e urbanístico de Ouro Preto MG;

  • Conjunto arquitetônico, paisagístico e urbanístico de Olinda PE;

  • Conjunto arquitetônico, paisagístico e urbanístico de São Luís MA;

  • Conjunto arquitetônico, paisagístico e urbanístico de Salvador BA;

  • Conjunto arquitetônico, paisagístico e urbanístico Congonhas MG;

  • Conjunto arquitetônico, paisagístico e urbanístico de São Cristóvão SE;

  • Conjunto arquitetônico, paisagístico e urbanístico de São Miguel das Missões RS;

  • Conjunto paisagístico do Rio de Janeiro RJ;

  • Sítios arqueológicos da Serra da Capivara PI.

  • Notas

    |1| AURÉLIO. Dicionário do Aurélio Online 2018. Disponível em: . Acesso em: 03 de Abril de 2019.

    |2| SILVA, A. et al. Sociologia em movimento, vol. único 2 ed. São Paulo: Moderna, 2017. p. 60. 

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