Texto literário: o que é, características, tipos

O texto literário é conotativo e não necessariamente apresenta uma utilidade prática, pois ele não é criado para um determinado propósito de uso prático. Assim, é o leitor e a leitora que atribuem uma função a esse tipo de texto, como gerar reflexão, emocionar ou divertir. Já o texto não literário é escrito com um objetivo específico, como informar, por exemplo. Desse modo, há uma grande diferença entre um poema e uma notícia de jornal.

Leia também: Textualidade — o conjunto de elementos que caracterizam um texto

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O que é texto literário?

Mas se perguntamos a várias pessoas para que serve um poema, elas vão ter dificuldade em dar uma resposta imediata. E as respostas que porventura sejam dadas vão ser bem variadas. Isso porque é a leitora e o leitor que acabam criando uma função para o texto literário, como, por exemplo, emocionar ou fazer pensar.

O texto literário também é plurissignificativo, isto é, ele pode apresentar mais de um sentido ou interpretação. Isso não acontece com uma bula de remédio, correto? No mais, ele traz uma perspectiva subjetiva, ou seja, a visão particular de seu autor ou autora. Assim, não é imparcial, além de possuir um caráter principalmente ficcional.

Características do texto literário

O texto literário possui as seguintes características:

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Estrutura do texto literário

A estrutura de um texto literário vai depender do gênero literário ao qual ele pertence:

  • nero narrativo: o texto é escrito em forma de prosa (na maioria das vezes), mas também pode utilizar o verso (no caso dos poemas narrativos ou epopeias).

  • Gênero lírico: o texto apresenta estrofes e versos (na maioria das vezes), mas também pode ter a estrutura da prosa (no caso da prosa poética).

  • Gênero dramático: os atos, cenas, falas e rubricas que compõem esse gênero de texto podem ser estruturados em forma de prosa (na maioria das vezes), mas também em versos (no caso da poesia dramática).

Quais são os tipos de texto literário?

Exemplos de texto literário

Assim foram passando os anos, até 1885. A fama do Pestana dera-lhe definitivamente o primeiro lugar entre os compositores de polcas; mas o primeiro lugar da aldeia não contentava a este César, que continuava a preferir-lhe, não o segundo, mas o centésimo em Roma. Tinha ainda as alternativas de outro tempo, acerca de suas composições; a diferença é que eram menos violentas. Nem entusiasmo nas primeiras horas, nem horror depois da primeira semana; algum prazer e certo fastio.


ASSIS, Machado de. Um homem célebre. In: ASSIS, Machado de. Várias histórias. São Paulo: Martin Claret, 2006.

A mãe indicava, no quintal, a galinha para o almoço. A mulher da sombrinha vermelha olhava e imobilizava a ave pela força única de seu olhar. Indefeso, o animal permanecia parado como se brincando de estátua. O olhar da mulher não ameaçava como o olhar do pai. Um fazia ficar e o outro mandava partir. O homem do guarda-chuva preto morreu de nó nas tripas. Ninguém usou de faca para fatiá-lo e conferir. Era apenas uma suspeita.


QUEIRÓS, Bartolomeu Campos de. Vermelho amargo. São Paulo: Cosac Naify, 2011.

O delegado, com um brilho mau nos olhos, não disse palavra, voltou as costas para o major e foi dar instruções aos seus guardas. Os quatro genros, atemorizados, pegaram nas alças do caixão da sogra e puxaram-no do carro fúnebre e, após um instante de hesitação, começaram a andar, muito devagar, na direção da entrada da necrópole. O povinho que acompanhara o cortejo fúnebre, estava agora também na esplanada à frente do cemitério, formando um semicírculo irregular, espécie de anfiteatro em cuja arena estava por se representar o que o Prof. Libindo Olivares imaginava pudesse ser uma rústica tragédia grega e Lucas Faia, uma comédia provinciana macabra.



FILOMENA — Inda dá pra ver a vontade de sorrir do moleque… isso aqui é buraco de bala… ó o tamaninho da criança… não devia chegar nem no meu cotovelo.


(Filomena chora. Vai pro ponto de ônibus. Fala alto.)


FILOMENA — Ê rinha tirana, essa vida… Filomena da Cabula devia era lançar lá na Dadivosa uma banca funerária, vender caixão.


(Ruído do ônibus chegando, batendo lata, rugindo.)


ROSA, Allan da. Da Cabula. São Paulo: Global, 2008.

 

Meti o peito em Goiás e canto como ninguém.

Canto as pedras, canto as águas, as lavadeiras, também.

Cantei um velho quintal com murada de pedra.

Cantei um portão alto com escada caída.

Cantei a casinha velha de velha pobrezinha.

Cantei colcha furada estendida no lajedo; muito sentida,

pedi remendos pra ela.

Cantei mulher da vida conformando a vida dela.


CORALINA, Cora. Cantoria. In: CORALINA, Cora. Meu livro de cordel. São Paulo: Global, 2012.

Como beber dessa bebida amarga?

Tragar a dor, engolir a labuta?

Mesmo calada a boca, resta o peito

Silêncio na cidade não se escuta

De que me vale ser filho da santa?

Melhor seria ser filho da outra

Outra realidade menos morta

Tanta mentira, tanta força bruta


Pai, afasta de mim esse cálice

Pai, afasta de mim esse cálice

Pai, afasta de mim esse cálice

De vinho tinto de sangue


BUARQUE, Chico; GIL, Gilberto. Cálice. In: BUARQUE, Chico. Chico Buarque. Rio de Janeiro: Polygram/ Philips, 1978.

Diferenças entre texto literário e texto não literário

O texto literário e o texto não literário possuem características opostas. Anteriormente, dissemos que o texto literário possui estas características:

São exemplos de textos não literários os seguintes textos:

  • bula de remédio;

  • receita de bolo;

  • reportagem;

  • notícia;

  • manual de instruções.

 

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