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Poder: o que é, teorias, formas, autores, exemplos

A palavra poder vem do latim potere, e seu significado remete-nos à posse de capacidade ou faculdade de fazer algo, bem como à posse do mando e da imposição da vontade. A sociologia e a filosofia discutem formas e teorias sobre o poder, apresentando distintas definições, ao longo de séculos, de acordo com o cenário histórico, político e social de cada época.

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O que é poder?

Para além de ter a autoridade, o comando ou simplesmente a faculdade de ser capaz de algo, por atributos físicos ou intelectuais, o poder é uma força que permeia as relações sociais desde o início da sociedade humana. O poder expressa-se pelo embate de forças, mas, antes disso, ele existe em si enquanto uma força.

Em Microfísica do poder,  Foucault discute a inserção do poder em instituições sociais que querem controlar os nossos corpos e comportamentos. [1]

Diante de tantas épocas históricas que encararam o poder de diferentes maneiras, vários pensadores desenvolveram diversas teorias sobre o assunto. Nesse sentido, talvez a teoria mais complexa e que explique de maneira mais minuciosa a época contemporânea seja a do filósofo francês Michel Foucault, que entendeu que a sociedade é um complexo de microrrelações de poderes disciplinares que visam controlar os corpos das pessoas via imposição da disciplina.

Teorias do poder

Para o sociólogo alemão Max Weber, poder é a imposição da vontade de uma pessoa ou instituição sobre os indivíduos. Essa imposição é direta e deliberada e pode ter aceitação como força de ordem ou não. Quando as pessoas submetidas ao poder de alguém aceitam a ordem, há uma transição de forças do âmbito do poder para o âmbito da dominação, ou seja, a pessoa que aceita a imposição de ordem submete-se à autoridade da outra.

A proposta de Marx seria uma revolta do proletariado contra a burguesia que tomaria os meios de produção, distribuindo-os aos trabalhadores e dissolvendo o poder entre a população. No entanto, haveria a necessidade, para Marx, da criação de uma espécie de poder central, o Estado socialista, que cuidaria da gestão da propriedade.

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Para Bourdieu, há um poder por trás disso tudo que faz com que as pessoas, inconscientemente, busquem consumir, gostar, adequar-se a certos elementos em detrimento de outros. O comando coletivo e inconsciente dessas preferências confere a certos atores um poder econômico ou social, no sentido em que criam representações simbólicas a serem seguidas por outras pessoas.

Michel Foucault, filósofo francês contemporâneo, fez em sua obra uma minuciosa análise do poder e chegou à conclusão de que o poder na contemporaneidade não se encontra centralizado, mas dissolvido na sociedade. Segundo Foucault, houve um marco na sociedade que foi a Revolução Industrial e o advento do capitalismo liberal. Antes desses eventos, as antigas monarquias concentravam o poder nas mãos do rei, o que nos leva à ideia de um poder que Foucault denominou macrofísico, aquele que é grande e concentrado.

Após o nascimento do capitalismo industrial liberal, o poder passou a dissolver-se em várias instituições de controle diferentes. Se antes o controle era instituído pelo rei, agora ele é feito pela escola, pela indústria, pelos quartéis, pelas prisões, pelos hospitais e pelos hospícios.

Todas essas instituições são casas de confinamento que moldam o comportamento dos indivíduos (escola e quartel), controlam-nos para que sejam produtivos (fábrica), e corrigem aqueles que não se enquadram às normas sociais (cadeia e hospício) ou cujos corpos não aguentam a alta produção devido a doenças (hospitais).

Formas de poder

Para o filósofo italiano contemporâneo Norberto Bobbio, existem formas de poder que classificam os diferentes meios de obtê-lo e exercê-lo na sociedade. Partindo de uma leitura do cenário político com inspirações marxistas, Bobbio identificou três formas de poder. São elas:

  • Poder econômico: exercido por quem tem posse dos bens materiais e do dinheiro. É essa forma de poder que faz com que as pessoas que não têm posse dos recursos mantenham certo comportamento e sujeitem-se a certos tipos de trabalho. É o poder econômico que mantém o funcionamento do sistema capitalista e que faz com que os trabalhadores sujeitem-se ao poder do patrão.
  • Poder ideológico: exercido por quem tem a capacidade de criar ideias e ideologias e, com isso, influenciar os outros. Esse tipo de poder mantém toda uma estrutura social em pleno funcionamento, pois faz com que os sujeitados aceitem o poder contra eles investido.
  • Poder político: poder oficial que controla o Estado e detém o direito de uso da força física contra os membros de uma comunidade política. O poder político é legítimo, desde que vise alcançar os fins de uma comunidade política.

Normalmente, essas três formas de poder são exercidas pelos mesmos grupos dentro de uma sociedade, sendo que o poder burocrático estatal tende a ser controlado por quem tem o poder econômico e o poder ideológico.

Leia mais: Anarquismo – teoria política que visa à supressão do Estado e das instituições de poder

Poder social

Hoje denominamos poder social a capacidade que certos indivíduos têm de influenciar a sociedade, por meio do discurso, de seu carisma ou pela posse de meios que permitam a grande difusão de suas ideias. Nesse sentido, detém poder social aquele que consegue mobilizar a sociedade ou grupos sociais em torno de um projeto comum, influenciando a formação de ideias e opiniões.

Exemplos de poder

Na teoria foucaultiana, podemos tomar como exemplo de poder o controle disciplinar exercido por relações sociais microfísicas dentro de instituições de confinamento. São exemplos dessas relações: a relação entre aluno e professor, patrão e empregado, paciente e médico ou prisioneiro e carcereiro.

Para Bobbio, o poder econômico pode ser exemplificado pela relação entre o patrão e o empregado; o poder ideológico, pela relação entre a mídia (meios de comunicação) e as pessoas; e o poder político, pela relação entre os atores políticos (governantes) e os cidadãos. 

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