Lord Byron: biografia, obras, poemas, frases

Lord Byron, poeta inglês que é símbolo do movimento artístico e literário Romantismo, marcou o século XIX com sua escrita extremamente pessimista, em que a morte e a efemeridade da vida são temas centrais. Além desse estilo mórbido, outra marca crucial da poesia de Byron é a ironia, que expressa sua visão crítica sobre os costumes da sociedade inglesa, permeados pela constante hipocrisia.

O poeta, cuja vida amorosa foi extremamente tumultuada, já que era um boêmio convicto e galanteador, rendeu-lhe diversas experiências, que foram transpostas, em tom confessional, para muitos de seus versos. É de sua autoria, por exemplo, o famoso poema Don Juan, personagem mítico e símbolo do eterno conquistador.

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Biografia de Lord Byron

Lord Byron, nome em que assinava suas obras, nasceu em 22 de janeiro de 1788, em Londres, Inglaterra, tendo sido batizado com o nome George Gordon Byron. Era filho do capitão John Byron e de Catherine Byron. Como seu pai morreu exilado na França, em 1791, após ter gastado a herança de sua esposa, Byron foi criado pela mãe. Ele também tinha uma meia-irmã, filha de seu pai, chamada Augusta Maria Leigh, cinco anos mais velha que o poeta.

Publicou, em 1806, com recursos financeiros próprios, seu primeiro livro de poesia, intitulado Fugitive pieces. Em 1809, ocupou um lugar na Câmara dos Lordes.

Ainda em 1809, viajou para a Grécia, em companhia de seu amigo Hobhouse. Nessa viagem, apaixonou-se pelas filhas da Sra. Tarsia Macri, especialmente pela filha Theresa, que tinha 12 anos de idade. Theresa ficou conhecida como a “donzela de Atenas”. De volta a Atenas no ano seguinte, Byron se hospedou em um mosteiro, onde estudou grego e italiano.

Seu regresso à Inglaterra ocorreu em 1811, ano em que sua mãe faleceu. No ano seguinte, Byron voltou a frequentar a Câmara dos Lordes, ocasião em que se uniu aos liberais. Nesse mesmo ano, publicou seu livro A peregrinação de Childe Harold.

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Em 1812, teve um romance passageiro com a escritora Caroline Lamb (1785-1828). Rejeitada pelo poeta, Caroline não aceitou bem o término e abordou esse relacionamento no seu romance Glenarvon, publicado em 1816. Muito galanteador, Byron, ainda em 1812, manteve um relacionamento amoroso com Jane Elizabeth Scott (1774-1824). Em 1813, Byron e sua meia-irmã, que era casada, iniciaram um incestuoso relacionamento amoroso.

Sua meia-irmã engravidou, vindo a nascer, em 15 de abril de 1814, Elizabeth Medora Leigh. Lord Byron, porém, não reconheceu essa paternidade, pois não tinha certeza se ela era ou não sua filha. Em 1815, Byron se casou com Annabella (1792-1860), que se tornou a Lady Byron. O casamento, no entanto, não deu certo, em razão dos constantes problemas financeiros de Byron e de seu estilo de vida boêmio, além de suas atitudes violentas em relação à esposa. Assim, em 1816, ela foi para a casa dos pais, levando consigo sua filha recém-nascida. Byron, depois disso, não teve mais contato com elas.

Após esse término, Lord Byron mudou-se para a Suíça, onde conheceu o casal Shelley, ocasião em que Mary Shelley (1797-1851) iniciou o processo de produção do clássico Frankenstein.

Em 1817, como fruto do relacionamento amoroso de Byron com Claire Clairmont, irmã de Mary Shelley, nasceu uma menina. Nesse mesmo ano, o poeta foi para Roma, onde estava seu amigo Hobhouse, momento em que viveu todos os excessos de uma vida extremamente boêmia. Em 1819, o poeta voltou a  se envolver em escândalos amorosos: apaixonou-se condessa Teresa Guiccioli, uma jovem casada.

O relacionamento extraconjugal entre eles durou até 1823, quando Byron viajou para a Grécia, onde lutou na guerra pela independência do país. Lord Byron faleceu em 19 de abril de 1824. Como participou ativamente da guerra pela independência da Grécia, foi considerado herói nacional nesse país.

Abadia de Newstead, Inglaterra, onde residiu Lord Byron. [1]

Características da obra de Lord Byron

Lord Byron é considerado um dos mais importantes escritores do Romantismo inglês, portanto suas obras apresentam muitas características desse movimento artístico, como:

  • idealização da mulher e do amor;
  • predileção por temas ligados à morte;
  • tom melancólico e pessimista;
  • recorrência, na poesia, de um tom confessional;
  • presença de um caráter satírico em relação a determinados aspectos sociais e políticos da sociedade inglesa;
  • estrutura formal tendendo à narrativa em verso;
  • presença de uma postura revolucionária;
  • recorrência de eu líricos que revelam sentimento de culpa;
  • estilo gótico.

Principais obras de Lord Byron

  • O corsário (1814)
  • A maldição de Minerva (1815)
  • O cerco de Corinto (1816)
  • O prisioneiro de Chillon e outros poemas (1817)
  • O lamento de Tasso (1817)
  • Don Juan (1819)
  • A idade do bronze (1823)

Don Juan

Don Juan é uma obra que foi publicada inacabada em 1819. Trata-se de um extenso poema narrativo e satírico em que o autor recupera o mito de Dom Juan, personagem retratado por outros autores como a imagem negativa de um homem sedutor e inescrupuloso, que seduz mulheres indefesas. Byron, porém, confere uma nova roupagem a essa figura.

Assim, nos 16 cantos que compõem a obra de Byron, Don Juan é um personagem que dá voz à crítica à sociedade hipócrita do século XIX. Esse protagonista se torna amante de Donna Júlia, uma mulher casada. Veja a seguinte estrofe do canto 1, em que Byron apresenta Don Juan:

Don Juan, após ser descoberto pelo marido traído, embarca em um navio e sofre um naufrágio. Após conseguir sobreviver, envolve-se amorosamente com Haidée, filha de um pirata chamado Lambro, que o vende como escravo em retaliação às investidas de Dom Juan à sua filha.

Posteriormente, Juan luta no exército russo, ocasião em que salva uma menina chamada Leila. Após esse ato heroico, conhece a rainha Catarina, a Grande (1729-1796).  Ele, porém, adoece e é levado de volta à Inglaterra, juntamente com Leila. Mas não termina aí sua fama de conquistador. Ele se envolve amorosamente com outras mulheres, mantendo, portanto, sua fama de eterno conquistador.

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Poemas de Lord Byron

Uma taça feita de um crânio humano

Não recues! De mim não foi-se o espírito…

Em mim verás – pobre caveira fria –

Único crânio que, ao invés dos vivos,

Só derrama alegria.

Vivi! amei! bebi qual tu: Na morte

Arrancaram da terra os ossos meus.

Não me insultes! empina-me!… que a larva

Tem beijos mais sombrios do que os teus.

Mais vale guardar o sumo da parreira

Do que ao verme do chão ser pasto vil;

– Taça – levar dos Deuses a bebida,

Que o pasto do réptil.

Que este vaso, onde o espírito brilhava,

Vá nos outros o espírito acender.

Ai! Quando um crânio já não tem mais cérebro

…Podeis de vinho o encher!

Bebe, enquanto inda é tempo! Uma outra raça,

Quando tu e os teus fordes nos fossos,

Pode do abraço te livrar da terra,

E ébria folgando profanar teus ossos.

E por que não? Se no correr da vida

Tanto mal, tanta dor ai repousa?

É bom fugindo à podridão do lado

Servir na morte enfim p’ra alguma coisa!…

(Tradução de Castro Alves)

No poema “Uma taça feita de um crânio humano”, evidenciam-se algumas características marcantes do estilo de Lord Byron. O eu lírico dirige-se a uma caveira, expressando reflexões sobre a efemeridade da vida, como se nota neste verso: “Bebe, enquanto inda é tempo!”.

A própria escolha desse interlocutor denota a presenta de outra temática cara a Byron: a morte. No Brasil, esse estilo de poesia foi cultivada por Álvares de Azevedo, principal poeta do chamado Ultraromantismo.

A Inês

Não me sorrias à sombria fronte,

Ai! sorrir eu não posso novamente:

Que o céu afaste o que tu chorarias

E em vão talvez chorasses, tão somente.

E perguntas que dor trago secreta,

A roer minha alegria e juventude?

E em vão procuras conhecer-me a angústia

Que nem tu tornarias menos rude?

Não é o amor, não é nem mesmo o ódio,

Nem de baixa ambição honras perdidas,

Que me fazem opor-me ao meu estado

E evadir-me das coisas mais queridas.

De tudo o que eu encontro, escuto, ou vejo,

É esse tédio que deriva, e quanto!

Não, a Beleza não me dá prazer,

Teus olhos para mim mal têm encanto.

Que exilado – de si pode fugir?

Mesmo nas zonas mais e mais distantes,

Sempre me caça a praga da existência,

O Pensamento, que é um demônio, antes.

Mas os outros parecem transportar-se

De prazer e, o que eu deixo, apreciar;

Possam sempre sonhar com esses arroubos

E como acordo nunca despertar!

Qual foi esse pior? Não me perguntes,

Não pesquises por que é que consterno!

Sorri! não sofras risco em desvendar

O coração de um homem: dentro é o Inferno.

(Tradução de Castro Alves)

Nesse poema, o eu lírico tem como interlocutora “Inês”, possivelmente uma mulher que foi sua paixão, mas não é mais, o que se depreende de versos como este: “Teus olhos para mim mal têm encanto”. O poema, portanto, tem um tom pessimista, o que se nota ao longo de todas as estrofes, como nos versos: “Meu consolo é saber que ocorra embora/ O que ocorrer, o pior já me foi dado.” Essa visão pessimista do amor é materializada no final do poema, ocasião em que o eu lírico sintetiza seu pensamento com a seguinte máxima: “não sofras risco em desvendar/ O coração de um homem: dentro é o Inferno”.

Lord Byron era tido como um herói nacional na Grécia. Na imagem, selo grego em comemoração ao seu 150º aniversário. [2]

Frases de Lord Byron

  • “Todo aquele que conseguir a alegria deve partilhá-la.”
  • “A vida é como o vinho: se a quisermos apreciar bem, não devemos bebê-la até à última gota.”
  • “A recordação da felicidade já não é felicidade; a recordação da dor ainda é dor.”
  • “O amor nasce de pequenas coisas, vive delas e por elas às vezes morre.”
  • “É mais fácil morrer por uma mulher do que viver com ela.”
  • “Coma, beba e ame: o resto, de que nos serviria?”
  • “É quando pensamos conduzir que geralmente somos conduzidos.”
  • “E, afinal de contas, o que é uma mentira? É apenas a verdade mascarada.”
  • “Todos os tempos, quando passados, são bons.”

Créditos das imagens

[2] Lefteris Papaulakis / Shutterstock

 

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