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Gerações X, Y e Z
A internet foi projetada para ser uma rede de comunicação militar estadunidense, ainda na década de 1960, e quem nasceu naquela época pertence à geração baby boomer. Nesse momento, os computadores ainda eram grandes máquinas que precisavam de um profundo conhecimento especializado para serem operados.
O que aconteceu nas décadas de 1970 e 1980 foi uma drástica mudança no modo como os computadores eram pensados. De máquinas utilizadas por militares e cientistas especializados, os computadores tornaram-se cada vez mais versáteis, menores e intuitivos. Grande parte dessa revolução deve-se à empresa estadunidense Apple, que se dedicou a tornar essas máquinas esteticamente agradáveis, além de facilmente manuseáveis.
Foi nesse meio que surgiu a geração X. Filha dos baby boomers, a geração X compreende as pessoas que nasceram entre o fim da década de 1960 e o meio da década de 1980. São pessoas que viram a revolução tecnológica informacional acontecer, que vivenciaram a Guerra Fria, que viram a corrida armamentista e que temeram um possível retorno a uma guerra tão horrível quanto ou pior que a Segunda Guerra Mundial.
A geração X não aceitou de imediato aquilo que seus pais projetavam como ideal de vida:
- conseguir um bom emprego
- comprar uma casa
- formar uma família
Foi na geração X que as coisas começaram a mudar, talvez pela descrença nas antigas estruturas sociais formadas pelas gerações anteriores.
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A proximidade com a internet e a informática fez da geração Y o gérmen de uma nova sociedade totalmente conectada. É bem verdade que nem todo mundo tem acesso à rede, à internet ou a qualquer interface de comunicação, como um computador ou smartphone, e isso revela uma situação peculiar da geração Y e das gerações seguintes: estamos falando de uma parcela pequena da população que tem acesso à rede, à internet e à tecnologia.
A geração Y é a que surge numa crescente da gama de conexão (ainda extremamente restrita — não que hoje não exista restrições ao acesso à internet, mas hoje isso acontece por questões estritamente econômicas), mas que nasceu e viveu num momento de grande expansão tecnológica. Também chamados de millenials (por terem nascido próximo da virada do milênio), essa geração, que se encontra numa faixa etária entre 20 e 35 anos de idade, representa uma completa revolução em relação às gerações passadas.
A geração Z foi a primeira que nasceu num ambiente completamente digital. São aqueles que nasceram entre o fim da década de 1990 e 2010. Essa geração não precisou, como as anteriores, fazer cursos de informática básica para lidar com computadores.
Características da geração Z
Também chamados de nativos digitais, quem nasceu na geração Z tem uma íntima relação com o mundo digital, com a internet e com a informática. São pessoas que cresceram jogando videogames, que acompanharam de perto as inovações tecnológicas e que gostam de consumir essas inovações quando possível.
É uma geração que não costuma criar muitos vínculos duradouros com as pessoas. São pessoas que aprenderam a relacionar-se pelas redes sociais e por aplicativos, que evitam sair de casa. Quando podem, usam serviços delivery para não precisarem sair. Isso também evidencia uma forte característica dessa geração: a desigualdade social.
Enquanto uns utilizam serviços delivery para não sair de casa, outros têm que trabalhar para o delivery, evidenciando outro fator marcante do mundo habitado por millenials e nativos digitais: a dissolução cada vez maior de vínculos empregatícios (e, com isso, a dissolução dos direitos trabalhistas), que impõem aos trabalhadores mais pobres (que são, hoje, jovens das gerações Y e Z) uma rotina exaustiva, pouca remuneração e a falsa ideia de que são empreendedores.
A geração Z cresceu num ambiente inóspito e de completa insegurança em relação ao futuro. Uma graduação universitária, por exemplo, que era significado de um bom emprego para a geração X, já não tem mais valor. O mundo é marcado pela alta competitividade e pela falta de emprego. A socialização pela internet levou a uma nova configuração social dessa geração e a novos hábitos de consumo. A internet, que deixou de ser aquela rede acessível apenas em casa pelos computadores, tornou-se uma companheira constante através dos smartphones.
Essa combinação de elementos evidencia os moldes da geração Z. Uma geração que cresceu acostumada com a individualidade e com a tecnologia. Uma geração que, no caso dos mais pobres, percebeu a desigualdade social pelo fato de que não pode acessar os mesmos espaços que a classe mais alta. A classe mais alta da geração Z, filha da geração X, também percebe essas contradições do mundo contemporâneo. Alguns se revoltam e fazem da internet a interface de uma luta política, e outros (a maioria da geração Z de classe média ou alta) estão inebriados pela alta conectividade tecnológica em que estão imersos, acostumados a receberem tudo pronto dos pais.
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Geração Z e baby boomers
Os baby boomers são a geração ainda majoritariamente viva que mais se contrasta com a geração Z. Se comparados aos jovens da geração Z, eles são extremamente diferentes culturalmente — não são acostumados à tecnologia e muito menos são afeitos à volatilidade da geração Z com em relação ao emprego e à vida amorosa.
Geração Z no mercado de trabalho
A geração Z tem chegado ao mercado de trabalho nos últimos anos. Para a maioria desses jovens, o que os aguarda é o subemprego e a exploração por conta da alta competitividade e da crescente flexibilização das leis e das relações trabalhistas. A chamada “uberização”|1| dos serviços está cada vez mais comum entre motoristas de aplicativos e entregadores. Também são comuns os contratos intermitentes, os serviços por diária (diaristas) e outras formas de explorar-se o trabalho de modo a não gerar ônus para as empresas e a gerar muito prejuízo para os trabalhadores.
Essa situação é comum entre as camadas mais baixas da população. A classe média é privilegiada por não estar refém desse sistema e a classe alta é a dona do sistema. Entre a classe média e alta aumentam-se cada vez mais o número de pessoas que trabalham com a produção de conteúdo digital. Seja conteúdo escolar, de finanças, de moda e de várias formas de arte, seja o mais fútil conteúdo que expõe um cotidiano vazio de sentido e cheio de dinheiro, as pessoas que têm melhor condição financeira fazem carreira cada vez mais oferecendo esse conteúdo digital via redes sociais e YouTube. Esse novo nicho é algo jamais imaginado por um baby boomer, visto com desconfiança pela geração X e compreendido apenas a partir dos millenials.
Nota
|1| Neologismo criado em referência a um aplicativo de serviço de táxi. O trabalho uberizado é aquele em que o trabalhador não tem vínculo empregatício com a empresa para qual ele presta serviços, não tendo também direitos garantidos, e recebendo uma remuneração baixa e geralmente proporcional à produtividade e que passa a falsa ideia de que o trabalhador é um empreendedor de si mesmo.