Escola de Frankfurt: contexto, autores, obras

A Escola de Frankfurt foi uma escola de pensamento filosófico e sociológico, filiada ao Instituto de Pesquisa Social, que nasceu como um projeto de intelectuais vinculados à Universidade de Frankfurt.

A Teoria Crítica foi o elo conceitual que uniu os intelectuais da Escola de Frankfurt, criando uma nova interpretação do marxismo, da sociologia e da política no início do século XX. Participaram da Escola de Frankfurt intelectuais como Theodor Adorno, Max Horkheimer, Herbert Marcuse, Erich Fromm, Walter Benjamin e Jürgen Habermas.

Tópicos deste artigo

Contexto histórico do surgimento da Escola de Frankfurt

A ascensão da União Soviética como potência socialista começou no século XX. O marxismo era fortemente debatido na Europa, sobretudo após a Primeira Guerra Mundial. Alguns intelectuais defendiam a aplicação de um marxismo puro nos governos; outros, de ideias marxistas propostas por reformas de base, mas sem extinguir o capitalismo; outros, ainda, eram totalmente contrários ao socialismo, comunismo ou qualquer ideia de inspiração marxista.

Max Horkheimer (à esquerda) e Theodor Adorno (à direita) são dois dos principais pensadores da Escola de Frankfurt. [1]

Também existiam aqueles que defendiam uma nova interpretação das ideias de Marx, mais adaptadas à realidade do século XX. Estes últimos contemplam os intelectuais da Escola de Frankfurt, que, com base em uma Teoria Crítica da sociedade, reuniam elementos marxistas com uma crítica a diversos aspectos do cotidiano social europeu do século XX, mais tarde criticando sobretudo o nazifascismo da Alemanha de Hitler e o fascismo da Itália de Mussolini.

A Escola de Frankfurt e a Teoria Crítica surgiram após a Primeira Semana de Trabalho Marxista, um evento organizado por Félix Weil. A intenção do evento era buscar uma nova interpretação do marxismo, mais pura e fiel às ideias de Marx e com possibilidade de aplicação no cenário do século XX. Como resultado dessa semana, foi criado o Instituto de Pesquisa Social, que obteve o patrocínio de Herman Weil, pai de Félix Weil e um milionário alemão que ganhou muito dinheiro com o plantio de cereais na Argentina.

Não pare agora… Tem mais depois da publicidade 😉

O Instituto de Pesquisa Social obteve uma parceria com o governo alemão, foi vinculado à Universidade de Frankfurt e foi dirigido por Kurt Albert Gerlach após a sua criação por um decreto oficial do ministério da educação alemão, em 1923. No mesmo ano, o diretor do instituto morreu e o cargo foi ocupado, entre 1923 a 1930, por Karl Grümberg.

Em 1930 foi criado um escritório do Instituto de Pesquisa Social em Genebra, e, em 1933, a França passa a abrigar uma filial do instituto. Em 1933, o governo nazista fechou o Instituto de Pesquisa Social de Frankfurt, que passa a funcionar com a sede em Genebra. O nome Escola de Frankfurt para o Instituto de Pesquisa Social somente foi aderido na década de 1950.

Leia também: Hannah Arendt – outra grande estudiosa do totalitarismo

Indústria Cultural

O conceito de Indústria Cultural foi um dos mais importantes produzidos pelos teóricos da Escola de Frankfurt, Theodor Adorno e Max Horkheimer. Segundo os pensadores, há um fenômeno cultural mundial em curso desde o início do século XX — o capitalismo industrial, que entrou em curso com a Revolução Industrial, necessitava de uma força de propaganda ideológica para ser assimilado pelas pessoas.

Para que as indústrias produzam muito, é necessário que se venda muito. Para vender-se muito, as pessoas precisam comprar muito. A ideologia do consumismo (excesso de consumo sem necessidade) é veiculada por formas de arte também produzidas em escala industrial.

Para Walter Benjamin, a reprodutibilidade técnica é o meio pelo qual a produção de arte em escala industrial é possível; é a capacidade de reprodução em massa de uma música, que pode ser gravada e reproduzida infinitas vezes, ou de uma imagem, que pode ser captada por fotografia ou filmagem e também reproduzida. Para Benjamin, esse fenômeno retira da arte a sua autenticidade, que ele chamou de “aura”.

Para Adorno e Horkheimer, o capitalismo não só utilizou a Indústria Cultural para criar um movimento de consumismo, como utilizou a própria arte como forma de produto para ser consumido. Dessa maneira, o cinema, a música e até as artes plásticas passaram a ter uma produção baseada em uma fórmula que agrada aos espectadores pela facilidade de assimilar-se o conteúdo da obra. O espectador médio da indústria cultural é alguém que não pretende encontrar na obra de arte nada além do entretenimento, caindo numa massificação absoluta dos produtos culturais.

A cultura de massa, aquela produzida pela Indústria Cultural, segue a seguinte fórmula: pega elementos da cultura erudita (segundo Adorno, essa é a cultura autêntica e bem elaborada), junta aos elementos da cultura popular (produzida originariamente por um povo) e lança sobre a junção elementos que agradem ao público. O resultado é a obra de arte produzida em escala industrial.

Vale ressaltar que cultura de massa difere-se de cultura popular, pois, enquanto esta é autêntica, aquela é uma degeneração capitalista da arte.

Filósofos e sociólogos

Os principais pensadores da Escola de Frankfurt são:


  • Max Horkheimer: foi um dos diretores do Instituto de Pesquisa Social. O filósofo e sociólogo foi responsável, junto a Adorno, por elaborar o conceito de Indústria Cultural, no livro Dialética do esclarecimento. Também foi perseguido pelo nazismo e refugiou-se nos Estados Unidos.

  • Herbert Marcuse: um dos mais polêmicos pensadores da Escola de Frankfurt, dedicou-se a entender a relação entre sexualidade e capitalismo, além de estudar as problemáticas envolvendo raça e exclusão social. Seus estudos englobavam o marxismo e a psicanálise freudiana. Foi perseguido pelos nazistas pela origem judaica e pela vertente socialista. Marcuse refugiou-se nos Estados Unidos, onde lecionou na Universidade da Califórnia até 1969.

Herbert Marcuse, um dos pensadores da Primeira Geração da Escola de Frankfurt.[2]

  • Walter Benjamin: apesar de não ter vínculo direto com o Instituto de Pesquisa Social e de morrer antes da sua reformulação como Escola de Frankfurt nos anos de 1950, Benjamin colaborou com textos para a Revista do Instituto de Pesquisa Social vinculada à Universidade de Frankfurt. Dedicou-se à crítica literária e da arte em geral.

  • Erich Fromm: também influenciado pelo marxismo e pela psicanálise freudiana, une elementos psicanalíticos para estabelecer o papel do ser humano na sociedade como fator de mudança social. Ele analisou fatores da formação da pessoa, como a família e as relações sociais, numa vertente crítica do marxismo.

  • Jürgen Habermas: é o mais influente dos pensadores da segunda geração da Escola de Frankfurt (estudou nela após a reformulação do instituto na década de 1950). Ele ainda está vivo e dedica-se a entender a ética e a política em meio às extensas possibilidades do discurso na atualidade. Para Habermas, as pessoas devem buscar o consenso democrático com base em um discurso que contemple a todos os cidadãos.

Livros

  • A dialética do esclarecimento – Theodor Adorno e Max Horkheimer

  • Minima moralia – Theodor Adorno

  • Indústria Cultural e sociedade – Theodor Adorno

  • Eclipse da razão – Max Horkheimer

  • Análise do homem – Erich Fromm

  • Conceito marxista do homem – Erich Fromm

  • Conceito de crítica de arte no romantismo alemão – Walter Benjamin

  • A origem do drama barroco alemão – Walter Benjamin

  • Eros e civilização – Herbert Marcuse

  • A ideologia da sociedade industrial – Herbert Marcuse

  • Teoria da ação comunicativa – Jürgen Habermas

  • O discurso filosófico da modernidade – Jürgen Habermas

 

Postar um comentário

Postagem Anterior Próxima Postagem