Oswaldo Cruz: primeiros anos, carreira e morte

Oswaldo Cruz foi um médico e sanitarista que ficou marcado pelo combate de epidemias no Brasil. Ele esteve por trás do desenvolvimento de um soro antipestoso bem como do desenvolvimento de institutos que produziam soros no país. Também atuou para combater epidemias de doenças que afetavam o Rio de Janeiro no começo do século XX.

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Primeiros anos de Oswaldo Cruz

Oswaldo Gonçalves Cruz nasceu na cidade de São Luiz do Paraitinga, no interior do estado de São Paulo, no dia 5 de agosto de 1872. Era filho Amália Taborda Bulhões Cruz e de Bento Gonçalves Cruz, que ganhava a vida como médico. Oswaldo Cruz foi o filho mais velho do casal e o único do sexo masculino, tendo também cinco irmãs.

São Luiz do Paraitinga, onde Oswaldo Cruz nasceu, no dia 5 de agosto de 1872.

Em 1877, a família de Oswaldo Cruz mudou-se para o Rio de Janeiro, e lá ele recebeu toda a sua educação. No Rio de Janeiro, seu pai montou uma clínica médica e tinha boa clientela, e o ofício médico foi transmitido para o filho. Com 14 anos de idade, em 1886, Oswaldo Cruz matriculou-se na Faculdade de Medicina.

Carreira médica de Oswaldo Cruz

Em 1892, Oswaldo Cruz obteve doutorado em medicina, e os biógrafos do sanitarista destacam que, desde a universidade, ele já demonstrava interesse pela microbiologia, pois sua tese de doutoramento abordava “a veiculação microbiana sobre as águas”. Essa tese encaixava-se nos novos estudos que analisavam o papel de microrganismos na propagação de doenças.

Aos 22 anos, Oswaldo Cruz já era responsável por administrar a clínica de seu pai e possuía um bom laboratório em sua casa, obtido como presente de casamento do pai de sua esposa, Emília da Fonseca. O sogro de Oswaldo Cruz era um comerciante português bem-sucedido.

Em 1896, Oswaldo Cruz obteve auxílio de seu sogro para continuar seus estudos na Europa. Assim, ele foi enviado para a França, onde estudou microbiologia, soroterapia e imunologia, no Instituto Pasteur. Oswaldo Cruz também estudou medicina legal no Instituto de Toxicologia, e Jaime Larry Benchimol complementa afirmando que ele, ainda, estudou urologia durante o tempo na França|1|.

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Na época havia um soro antipestoso que era usado para combater a doença, mas o Brasil não o produzia. Para combater a peste bubônica aqui, decidiu-se pela criação de dois institutos que seriam capazes de produzir o soro. Dessa iniciativa surgiu o Instituto Butantan, em São Paulo, e o Instituto Soroterápico Federal, no Rio de Janeiro. Em maio de 1900, os dois institutos já haviam produzido os primeiros soros antipestosos do país.

Em 1901, inaugurou-se um local para realização de vacinação contra a peste bubônica no Rio de Janeiro: a Policlínica de Botafogo. Esse local foi extremamente importante para a trajetória médica de Oswaldo Cruz porque lá ele realizou alguns estudos sobre a febre amarela. Em 1902, Oswaldo Cruz foi convidado a assumir a diretoria do Instituto Soroterápico Federal.

Diretoria-Geral de Saúde Pública

À frente do DGSP, Oswaldo Cruz combateu três doenças que afetavam o Rio de Janeiro: varíola, febre amarela e peste bubônica.

Em 1903, Oswaldo Cruz foi convidado pelo presidente Rodrigues Alves e pelo ministro da Justiça à época, José Joaquim Seabra, para assumir a Diretoria-Geral de Saúde Pública (DGSP), órgão que correspondeu ao atual Ministério da Saúde. À frente desse órgão, Oswaldo Cruz teria que combater três doenças que causavam estrago na capital: varíola, febre amarela e peste bubônica.

No caso da febre amarela, Oswaldo Cruz estava atualizado com estudos que sugeriam que a doença era transmitida por mosquitos e não pelo contato entre seres humanos. Assim, Oswaldo Cruz privilegiou o combate do mosquito como principal forma de combater a doença, e equipes de higiene foram formadas para percorrer as casas no Rio de Janeiro e destruir possíveis focos do mosquito.

No caso da peste bubônica, Oswaldo Cruz deu prioridade ao extermínio do grande vetor da doença: os ratos. Equipes foram formadas para exterminá-los em toda a cidade, e os cidadãos foram incentivados, pela DGSP, a capturarem os ratos em troca de uma recompensa em dinheiro. Fala-se que, nessa ação, cerca de 50 mil ratos foram mortos no Rio de Janeiro.

A grande polêmica da atuação de Oswaldo Cruz enquanto esteve na chefia da DGSP foi a campanha de vacinação contra a varíola. O sanitarista decidiu criar uma campanha de vacinação obrigatória na cidade, e essa iniciativa não agradou à população. A falta de informações, o temor da vacina e a brutalidade da vacinação fizeram com que uma grande revolta popular estourasse no Rio de Janeiro.

Essa revolta se iniciou no dia 10 de novembro de 1904, e houve vandalismo em alguns bairros da cidade. No meio disso, uma tentativa de golpe militar aconteceu, e dezenas de pessoas foram mortas. Somente no dia 23 de novembro é que a situação na capital começou a normalizar-se. A obrigatoriedade da vacinação foi retirada, mas, anos depois, a população começou a procurar a vacina quando novos surtos de varíola aconteceram.

Últimos anos

Oswaldo Cruz seguiu na DGSP depois da Revolta da Vacina e realizou estudos sobre as condições sanitárias de outras regiões do país. Ele, ainda, procurou elaborar um plano de combate da tuberculose, mas sem muito sucesso. Em 1909, Oswaldo Cruz abandonou o cargo da Diretoria-Geral de Saúde Pública para dedicar-se ao Instituto Oswaldo Cruz (antigo Instituto Soroterápico Federal).

Em 1910, Oswaldo Cruz foi convidado a fazer parte de uma expedição que acompanharia as obras da estrada de ferro Madeira-Mamoré, que era construída na região Norte do Brasil. O objetivo dessa expedição, a qual Oswaldo Cruz chefiava, era combater a malária que afetava os trabalhadores e impedia a continuidade das obras.

Nesse período, Oswaldo Cruz já era um sanitarista de reconhecimento internacional, e isso pôde ser percebido quando ele recebeu uma medalha de ouro durante o 14º Congresso Internacional de Higiene e Demografia realizado em Berlim. A homenagem a Oswaldo Cruz se deu pelo seu trabalho no combate a diferentes epidemias no Brasil.

Em 1913, ele foi eleito membro da Academia Brasileira de Letras e, em 1915, afastou-se do Instituto Oswaldo Cruz por motivos de saúde. Mudou-se para Petrópolis, tornando-se prefeito da cidade. No dia 11 de fevereiro de 1917, Oswaldo Cruz faleceu devido a uma crise de insuficiência renal.

Notas

|1| BENCHIMOL, Jaime Larry. Reforma urbana e Revolta da Vacina na cidade do Rio de Janeiro. In.: FERREIRA, Jorge e DELGADO, Lucilia de Almeida Neves (orgs.). Brasil republicano: o tempo do liberalismo oligárquico: da Proclamação da República à Revolução de 1930. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2018. p. 233.

 

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