Dom Pedro II: vida pessoal, governo, últimos anos

Dom Pedro II foi imperador do Brasil entre 1840 e 1889, período no qual o país passou por muitas transformações. Os grandes acontecimentos do seu reinado foram a Guerra do Paraguai e a abolição do trabalho escravo. Foi deposto, em novembro de 1889, por meio de um golpe que resultou na proclamação da república. Morreu no exílio, em 1891.

Leia mais: Revolução Praiera – única rebelião provincial que aconteceu no reinado de d. Pedro II

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Nascimento e juventude

Dom Pedro II, batizado como Pedro de Alcântara João Carlos Leopoldo Salvador Bibiano Francisco Xavier de Paula Leocádio Miguel Gabriel Rafael Gonzaga, nasceu no Rio de Janeiro, no dia 2 de janeiro de 1825. Ele fazia parte da família real brasileira e, portanto, era filho de d. Pedro I e de d. Maria Leopoldina.

Retrato de d. Pedro II quando tinha por volta de 20 anos de idade.[1]

Seu pai foi imperador do Brasil entre 1822 e 1831, e sua mãe foi imperatriz entre 1822 e 1826. Pedro de Alcântara cresceu sem a companhia dos pais, uma vez que sua mãe faleceu em 1826 e seu pai foi embora do Brasil em 1831, falecendo na Europa em 1834. O jovem Pedro, no entanto, foi criado com o maior cuidado possível, pois ele era o herdeiro do trono brasileiro.

Pedro de Alcântara foi o filho mais novo do casal real, mas ele tinha a prioridade na sucessão do trono porque os seus dois irmãos mais velhos haviam morrido ainda crianças. Suas irmãs tinham o direito de assumir o trono, mas a Constituição de 1824 determinava que mulheres fariam isso somente se não houvesse nenhum homem herdeiro.

A educação do jovem Pedro foi muito boa, e ele dedicava muitas horas do seu dia aos estudos. Sua formação, ainda, pautou-se na moralidade, e o objetivo disso era evitar que ele repetisse os exemplos de seu pai, d. Pedro I. Os casos extraconjugais de d. Pedro I foram um grande escândalo no Primeiro Reinado e abalaram a imagem da monarquia brasileira.

A responsável pela educação de Pedro de Alcântara foi escolhida por d. Pedro I e chamava-se d. Mariana Carlota de Verna. Ela foi aia do herdeiro e manteve-se próxima dele por toda a vida. Pedro de Alcântara nutria grande carinho e admiração por ela, considerando-a sua segunda mãe e chamando-a por apelidos carinhosos.

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Golpe da Maioridade

Durante o Período Regencial, o Brasil viveu uma primeira experiência de governo descentralizado, e essa descentralização, somada às disputas políticas locais e aos problemas sociais e econômicos, levou a uma série de rebeliões nas províncias, que colocaram em risco a integridade territorial do Brasil.

As disputas políticas entre liberais e conservadores também foram um grande problema para o Brasil durante as regências. Essa disputa, inclusive, levou os liberais a levarem para o Senado a proposta de antecipar-se a maioridade de Pedro de Alcântara para que ele pudesse ser coroado imperador antes do previsto.

A possibilidade de antecipar-se a maioridade do herdeiro do trono ganhou força, o próprio aceitou-a, e, em 23 de julho de 1840, sua maioridade foi antecipada. Esse evento ficou conhecido como Golpe da Maioridade, e, na ocasião, Pedro de Alcântara tinha apenas 14 anos de idade. Sua coroação aconteceu no dia 18 de julho de 1841, ocasião que o transformou oficialmente em d. Pedro II. Para saber mais sobre um dos eventos de abertura do Segundo Reinado, leia: Golpe da Maioridade.

Vida pessoal

Teresa Cristina Maria casou-se com d. Pedro II, em 1843, e permaneceu casada com ele até seu falecimento, em 1889.[1]

Um dos momentos mais inusitados da vida de d. Pedro II foi seu casamento. Assim que ele se tornou imperador do Brasil, seu matrimônio passou a ser questão de Estado. Apesar da timidez de d. Pedro II em tratar do assunto, logo emissários do país foram ao continente europeu à procura de uma princesa para casar-se com o imperador.

O casamento foi realizado, por procuração, na cidade de Nápoles, na Itália, em 30 de maio de 1843, e a imperatriz só chegou ao país em 3 de setembro do mesmo ano. Ela estava à bordo da fragata Constituição, e a ansiedade de d. Pedro II, em conhecer sua esposa, era tão grande que ele entrou a bordo da embarcação.

Os dois cumpriram todo o ritual para aquele dia, mas muito se comentou sobre a reação do imperador ao conhecer a imperatriz. Os relatos da época dão conta da frustração de d. Pedro II em relação a sua esposa. Eles mencionam que Teresa não era bonita e que ainda era obesa e um pouco manca. Isso teria desagradado a d. Pedro II, que se sentiu enganado.

Mesmo a contragosto, d. Pedro II cumpriu com sua obrigação no casamento. A vida doméstica dos dois foi estável, e eles permaneceram casados até o falecimento da imperatriz, no final de 1889. Tiveram quatro filhos juntos: Afonso, Isabel, Leopoldina e Pedro Afonso. Deles, os dois meninos faleceram ainda na infância.

Existem dezenas de cartas enviadas por ele para a condessa que deixam a entender uma paixão do imperador por ela. Outro de seus casos, do qual se sabe por cartas, foi com Ana de Villeneuve, a condessa de Villeneuve, esposa do dono do Jornal do Commercio. As cartas de d. Pedro II para a condessa demonstravam claramente o teor da relação entre eles:

Querida Ana


Quantas loucuras fizemos sobre a cama grande com os dois travesseiros. Amo-te cada vez mais, e não posso expressar suficientemente o que sinto por ti. Obrigado, com mil carícias, pela fotografia do teu quarto. […]


Não paro de pensar em ti. E quantos sonhos à noite! Quando chegará o momento delicioso de podermos nos lançar nos braços um do outro?


Se pudesse, estaria sempre perto da tua morada para te fazer desfrutar da minha paixão sem limites, ao menos uma vez por dia.

Segundo Reinado

D. Pedro II reinou sobre o Brasil de 1840, ano do Golpe da Maioridade, até 1889, ano da proclamação da república. Nesses 49 anos de reinado, uma série de acontecimentos marcantes  passaram-se no país, com destaque para:

Um ponto marcante no governo de d. Pedro II foi a Guerra do Paraguai, conflito que se estendeu de 1864 a 1870, marcando o fim do auge do seu reinado e o início da sua decadência. A partir daí, a monarquia brasileira passou a ser questionada, o republicanismo começou a ganhar força, e a imagem de d. Pedro II iniciou seu desgaste.

Para agravar a situação, a partir da década de 1870, o imperador aparentemente perdeu a vontade de governar, e motivos pessoais e de saúde fizeram-no ausentar-se por meio de três grandes viagens nas décadas de 1870 e 1880. Uma conspiração, iniciada ainda na última década, selou o destino dos anos de vida restantes de d. Pedro II. Caso queira aprofundar-se nesse período do Brasil Império, leia: Segundo Reinado.

Últimos anos

A década de 1880 foi de crise política no Brasil. A monarquia foi perdendo sua sustentação política, e os grandes grupos que atuaram contra essa forma de governo nesse período foram os republicanos e, sobretudo, os militares (contados em grande número).

No dia 15 de novembro de 1889, o golpe foi iniciado pela ação do marechal Deodoro da Fonseca. No decorrer desse dia, a república foi proclamada por José do Patrocínio. D. Pedro II e a família real estavam em Petrópolis, e o imperador tinha confiança de que resolveria a situação assim que chegasse ao Rio de Janeiro.

Crédito das imagens

 

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