Ditadura militar chilena

A ditadura chilena foi o período que correspondeu ao regime liderado por Augusto Pinochet, de 1973 a 1990. Esse regime autoritário foi iniciado a partir do golpe militar de 11 de setembro de 1973, o qual derrubou o presidente constitucionalmente eleito, Salvador Allende. A ditadura chilena fez parte da tendência sul-americana do período em que houve a implantação de regimes conservadores comandados por militares e apoiados amplamente pelos Estados Unidos.

Antecedentes do golpe

No começo da década de 1970, o Chile era governado pelo presidente socialista Salvador Allende. Allende havia sido eleito nas eleições de 1970 com 36,6% dos votos, e sua vitória só foi possível graças ao grande apoio de uma coalizão formada pelos partidos de esquerda, conhecida como Unidade Popular.

Em seu governo, Salvador Allende colocou em prática o que ficou conhecido como “via chilena para o socialismo”, na qual propunha uma transição gradual do Chile em uma sociedade socializante. Assim, dentro desse projeto, ele iniciou a reforma agrária e nacionalizou bancos, empresas estrangeiras instalados no país e as minas de cobre.

O projeto socializante estabelecido por Allende desagradou as elites econômicas chilenas – em geral, da direita – e, principalmente, as grandes corporações e grupos estrangeiros, que viram seus interesses serem contrariados pelo novo presidente chileno. A partir disso, o governo de Allende passou a sofrer grande pressão desses dois grupos.

Um dos países diretamente responsáveis pela sabotagem do governo Allende foram os Estados Unidos, temerosos pela nomeação de um presidente declaradamente marxista na América do Sul. Além disso, as medidas econômicas de Allende prejudicavam os interesses de empresas norte-americanas no Chile. Assim, os Estados Unidos instauraram um projeto para sabotar a economia chilena.



O presidente eleito Salvador Allende cometeu suicídio no dia do golpe, 11 de setembro de 1973**

Nesse sentido, a ação americana sobre a economia chilena tinha um objetivo claro: enfraquecer o governo de Allende para impedi-lo de realizar suas reformas. Assim, os Estados Unidos impuseram sanções econômicas ao Chile e forçaram a queda do preço do cobre, principal produto de exportação chileno, no mercado internacional. Além disso, grupos de oposição passaram a receber apoio da Agência Central de Inteligência (CIA), órgão do governo norte-americano.

Um dos principais grupos de oposição que atuaram nesse período foi o Frente Nacionalista Patria y Libertad, de extrema-direita. Esse grupo praticava atos terroristas contra o governo de Salvador Allende. Além disso, a CIA também financiou greves com o objetivo de paralisar a economia chilena.

O último ato contra o governo de Salvador Allende foi a formação de uma Junta Militar, que organizaria o golpe. O principal nome dessa junta foi o comandante em chefe do exército chileno Augusto Pinochet. O golpe organizado pelos militares chilenos, apoiados pela CIA, aconteceu no dia 11 de setembro de 1973, com pesado bombardeio sobre o Palácio La Moneda (palácio presidencial). Nesse dia, Allende recusou-se a render-se e cometeu suicídio.

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Ditadura Pinochet

Após o golpe, a Junta Militar decidiu nomear Augusto Pinochet como presidente do Chile. Esse militar assumiu oficialmente o cargo de presidente no dia 17 de dezembro de 1974 e permaneceu na presidência do Chile até 1990, quando um novo presidente foi eleito. Durante a ditadura de Pinochet, estima-se que mais de três mil pessoas foram mortas pela repressão do governo e outras 40 mil foram torturadas.

Com a instalação da ditadura no Chile, o Congresso foi dissolvido e a existência de partidos políticos, como a Unidade Popular, foi proibida e colocada na ilegalidade. A máquina repressora do governo chileno começou a caçar e prender os opositores, principalmente aqueles ligados a partidos de esquerda. Isso forçou ao exílio milhares de pessoas.

No campo econômico, o governo de Pinochet implantou medidas que ficaram conhecidas como neoliberalismo. A política econômica desse período teve a influência de um grupo de jovens economistas chilenos, os quais haviam estudado em Chicago, nos Estados Unidos, e ficaram conhecidos como “Chicago Boys”.

As medidas impostas pelo governo de Pinochet incluíram redução dos gastos públicos e dos gastos com programas sociais, privatização do ensino superior, aumento de impostos etc. Essas medidas contribuíram para o “milagre econômico” chileno, período de grande crescimento da economia do país, no entanto, provocaram o crescimento da desigualdade social, com o aumento da concentração de riqueza.

Em 1980, foi promulgada pelo governo uma nova constituição, que estendeu o mandato de Pinochet até 1988 e com previsão de realização de um plebiscito. Em 1988, o plebiscito questionou a população acerca da continuidade do governo de Pinochet, e 56% dos chilenos optaram pelo fim da ditadura militar no país. Com isso, as eleições presidenciais foram marcadas e, em 1989, Patricio Aylwin foi eleito presidente, assumindo o cargo a partir de 1990.

Augusto Pinochet seguiu na vida política como senador vitalício do Chile e, nos últimos anos de sua vida, foi acusado de crimes de violação dos direitos humanos no período da ditadura e também por enriquecimento ilícito com dinheiro de corrupção depositado em contas bancárias secretas. Pinochet nunca foi julgado pelos seus crimes, pois apresentou atestado de debilidade mental que impediu a realização dos julgamentos.

*Créditos da imagem: Commons e Emilio Kopaitic

**Créditos da imagem: Catwalker e Shutterstock

 

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